A classificação, numa altura em que decorre um processo de candidatura do local, palco central do conflito angolano, a património mundial, foi feita através de um decreto executivo assinado pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, com data de 16 de abril.
No documento, ao qual a Lusa teve hoje acesso, a decisão é justificada por o "Triângulo do Tumpo" ter sido "palco de um dos mais marcantes e significativos registos da história e do processo de libertação das nações africanas", no caso a batalha do Cuito Cuanavale, cujo momento principal ocorreu a 23 de março de 1988.
Além da evolução da situação política e militar em Angola, entre as forças governamentais do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) (com o apoio de milhares de militares cubanos) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) (apoiada pelos sul-africanos), a batalha do Cuito Cuanavale é considerada como decisiva na independência da vizinha Namíbia, concluída em 1990, então ocupada pela África do Sul e após ter sido colónia da Alemanha.
O Governo angolano, que se declarou vencedor desta batalha, propôs em 2016, na última reunião do Conselho de Ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a instituição de 23 de março como Dia da Libertação da África Austral.
No despacho que classifica o local, no município do Cuito Cuanavale, província do Cuando Cubango, o Ministério da Cultura de Angola sublinha a "necessidade de promover o reconhecimento do sítio como elemento do Património Histórico-Cultural" do país.
"Compete às entidades competentes da Administração Local do Estado, a tomada de medidas para a efetiva proteção e valorização do referido património e da sua zona de proteção", define ainda.
A ministra da Cultura anunciou em julho passado que a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) aceitou os processos de candidatura da cidade de Cuito Cuanavale, do corredor do rio Kwanza e das gravuras de Tchitundu-Hulu a património da humanidade.
O anúncio foi feito na altura em Mbanza Congo, província angolana do Zaire, durante a cerimónia de apresentação local da declaração de património da humanidade das ruínas do centro histórico da cidade, antiga capital do Reino Congo, a primeira classificação do género atribuída a Angola pela UNESCO, a 08 de julho de 2017.
"Angola já avançou, através do Ministério da Cultura, para a inscrição de três novos sítios, que foram já aceites pela UNESCO. A inscrição das pinturas rupestres do Namibe, de Tchitundu-Hulu, o corredor do Kwanza, que está ligado ao roteiro da escravatura, e a cidade do Cuito Cuanavale, que é um símbolo e uma referência da paz, do diálogo e da reconciliação nacional", enfatizou a ministra.