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Parlamento aprova Lei de Repatriamento Coercivo de Bens com apoio da oposição

Post by: 21 Novembro, 2018

A Assembleia Nacional angolana aprovou hoje, com voto favorável da oposição, a proposta de Lei sobre o Repatriamento Coercivo e Perda Alargada de Bens, permitindo o confisco de "bens incongruentes domiciliados no exterior do país".

O diploma legal foi aprovado com 171 votos a favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), da Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral (CASA-CE), neste último caso à exceção de cinco deputados que se abstiveram, e do Partido de Renovação Social (PRS).

Na sua declaração de voto, o presidente do grupo parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho "Miau", disse que os deputados que se abstiveram entenderam que "não há razão para duas leis distintas em tão curto tempo sobre a mesma matéria".

André Mendes de Carvalho "Miau" lembrou que já haviam sugerido, por altura do documento na generalidade, que fossem fundidos os conteúdos desta lei e da Lei sobre Repatriamento de Recursos Financeiros, publicada em Diário da República a 26 de junho deste ano.

"Entendemos que há algumas matérias novas nesta lei, mas há muitas outras que já constavam da lei anterior, havendo mesmo conflito sobre a matéria financeira entre ambas, por esta razão eis porque votamos pela abstenção, já que as nossas preocupações não foram tidas nem achadas", disse o líder do grupo parlamentar da segunda maior força política da oposição angolana.

Por sua vez, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto Costa Júnior, justificou o voto a favor pelo facto de a mesma ter retomado o conteúdo, a extensão e alcance do Projeto de Lei sobre o Regime Extraordinário de Repatriamento de Capitais, que o maior partido da oposição angolana havia proposto há cerca de um ano e, entretanto, chumbada pelo parlamento, com votos contra do MPLA, partido maioritário.

Segundo Adalberto Costa Júnior, a UNITA, através do seu grupo parlamentar, sugeriu à Assembleia Nacional, em dezembro de 2017, um projeto de Lei "aplicável a todas as situações que configuravam crimes de natureza patrimonial em que o Estado tivesse sido lesado".

"Eu acabei de citar o artigo 2 da Proposta de Lei do Repatriamento Coercivo, proposto agora pelo executivo. Exatamente o que nós, grupo parlamentar da UNITA, propusemos e que a maioria que suporta o Governo votou contra, porque infelizmente, neste nosso país, tudo quanto é produzido fora do partido que governa, é para deitar abaixo, é para derrubar", queixou-se do deputado.

Por altura da discussão e aprovação deste diploma legal, na semana passada, submetido ao parlamento com caráter de urgência, o grupo parlamentar da UNITA acusou o Governo de plágio do seu Projeto de Lei.

A Lei sobre o Repatriamento Coercivo e Perda Alargada de Bens enquadra-se na Lei sobre o Repatriamento de Recursos Financeiros, que entra em vigor em janeiro de 2019.

Por altura da sua aprovação na generalidade, o ministro da Justiça e Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz, explicou que se trata de uma lei mais alargada que o diploma legal sobre o Repatriamento de Recursos Financeiros, que cria instrumentos procedimentais, fazendo recurso à Lei da Prevenção e Combate ao Terrorismo, além de outros mecanismos.

A nova lei tem por objetivo dotar o ordenamento jurídico angolano de normas e mecanismos legais que permitam a materialização do repatriamento coercivo, com maior ênfase à perda alargada de bens a favor do Estado.

No caso dos "bens incongruentes" domiciliados no país, a proposta, segundo argumentou, em outubro, Francisco Queiroz, prevê que possam ser confiscados a partir do momento em que a lei for aprovada pela Assembleia Nacional, podendo os órgãos de justiça "perseguir os que detêm estes bens", em defesa dos interesses dos cidadãos.

Last modified on Sábado, 01 Dezembro 2018 13:59

João Kapita é licenciado em Comunicação e Ciências Sociais é Administrador do Canal de Noticias Voz de Angola, escreve sobre os artigos de opinião e da sociedade angolana desde setembro de 2017 é um privilégio de fazer parte do maior site de notícias de Angola

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