O processo que envolve Manuel Vicente foi transferido da justiça portuguesa para a angolana em junho deste ano, depois da exigência das autoridades de Luanda para que assim se procedesse, colocando em causa as relações entre os dois países.
Em declarações hoje à agência Lusa, Hélder Pitta Grós reafirmou que o processo já foi recebido em Luanda e que está a decorrer a fase de análise.
"Recebemos o processo, estamos a analisá-lo para, posteriormente, podermos avançar para a fase final", disse Hélder Pitta Grós, salientando que tudo está a ser feito para que a sua conclusão aconteça "o mais rápido possível".
"Estamos a fazer todo o esforço para que o mais rápido possível haja uma decisão", acrescentou.
Questionado se o ex-vice-Presidente de Angola já tinha chegado a ser ouvido, Hélder Pitta Grós informou que não, porque o processo é extenso.
"O processo é muito extenso. Só quando terminarmos a sua análise é que vamos ver que diligências é que hão de ser feitas. Não poderei adiantar agora que diligências são essas sem que esteja completada a análise de todo o processo", frisou.
A Lusa tentou ouvir o antigo vice-Presidente de Angola, agora deputado à Assembleia Nacional, mas este recusou-se, referindo apenas que preferia não falar sobre o assunto.
Instado a comentar o facto de o seu processo ter sido remetido pelas instâncias judiciais portuguesas para Angola, Manuel Vicente considerou apenas tratar-se de "um passo".
Angola e Portugal viram as suas relações esfriarem depois de a justiça portuguesa ter acusado o ex-vice-Presidente angolano dos crimes e corrupção ativa, falsificação de documentos e branqueamento de capitais, no conhecido processo "Operação Fizz".
Sobre o caso, o Presidente angolano, João Lourenço, que realiza de 22 a 24 deste mês uma visita de Estado à Portugal, disse, em janeiro passado, que as relações entre os dois países iam "depender muito" da resolução do processo de Manuel Vicente e classificou a atitude da justiça portuguesa até então como "uma ofensa" para o seu país.
"Lamentavelmente (Portugal) não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição", enfatizou, na altura, João Lourenço.
Em maio, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu enviar o processo para julgamento em Luanda.