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Deputado da UNITA "farto dos portugueses" leva partido a demarcar-se das declarações

Post by: 14 Dezembro, 2018

A direção da UNITA, o maior partido da oposição angolana, demarcou-se hoje das declarações do deputado David Mendes, eleito pelo partido, que afirmou, na Assembleia Nacional, estar "farto dos portugueses em Angola", classificando a afirmação como um "deslize".

“Acompanhámo-las [as declarações de David Mendes] e nós próprios ficamos muito surpreendidos com esta saída, que, naturalmente, não nos pode vincular, até porque não temos essa posição sobre Portugal ou sobre outra qualquer presença estrangeira em Angola. Creio que acabou por ser um deslize, vamos considerá-lo a este nível, que lamentamos profundamente”, disse hoje à agência Lusa o líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior.

Na quarta-feira, durante o debate que antecedeu a aprovação sobre a Lei de Repatriamento de Capitais, o advogado e fundador da associação Mãos Livres, David Mendes, deputado independente eleito nas listas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), questionou o plenário sobre as intenções do Governo com as privatizações das empresas estatais angolanas, culminando com um ataque duro a Portugal.

Ao longo de uma intervenção de cerca de cinco minutos, David Mendes defendeu que o processo de privatização em curso em Angola não pode permitir que as empresas públicas sejam entregues a estrangeiros, sobretudo aos portugueses, “que querem tomar a economia” angolana.

“Queremos entregar o país aos estrangeiros quando temos consciência que não temos condições económicas? Qual é a pressa? Já cometemos muitos erros no passado, cometemos muitos erros, e não vamos cometer mais um. Isto de entregarmos o país aos estrangeiros tem de parar. Os estrangeiros não vêm aqui de graça. Vêm retirar o que é nosso”, disse então David Mendes.

“Estamos hoje aqui a lutar com o repatriamento de capitais, muitos estão a embandeirar que o dinheiro vai voltar. Eu não acredito que Portugal vai devolver o dinheiro que está lá. E a França e a Espanha também não. Gostaríamos de pedir aqui a esta casa [parlamento] que pensássemos quem são os que vão comprar essas empresas. Queremos privatizar a Sonangol, para quem? Quem vai comprar? Eu não sou contra os portugueses, mas estou farto dos portugueses em Angola”, disse o deputado.

David Mendes continuou, depois, a pôr em causa a presença de “estrangeiros” em Angola, lembrando que, no país, residem mais de 170 mil cidadãos portugueses.

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