Questionado pela agência Lusa sobre a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciada no decorrer desta semana, o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto, considerou que, apesar da satisfação, a decisão aumenta também as responsabilidades de Angola no próprio país e na região da África Austral.
"É algo que nos regozija. Angola, de há uns anos para cá, foi considerada parceira estratégica dos Estados Unidos, particularmente por causa da cooperação a nível petrolífero, mas também por causa da geopolítica, pela nossa posição nesta zona de África", sublinhou Manuel Augusto.
"Ver agora reafirmada, na nova estratégia da política para África estabelecida na nova política do Governo do Presidente Trump, é algo que nos anima, mas também nos dá responsabilidades para estarmos à altura desse desafio, porque, ao fazê-lo, estaremos não só a representarmos a nós próprios, mas também os países da região de que fazemos parte", acrescentou.
Para o chefe da diplomacia angolana, Luanda vai continuar a trabalhar para que a parceria "não seja só um título", mas que se reflita no relacionamento e nas consequências positivas que esse relacionamento pode ter.
Quinta-feira, em Luanda, após ter sido recebido em audiência pelo Presidente angolano, João Lourenço, o assistente especial de Trump e diretor sénior para os Assuntos Africanos do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Cyril Sartor, disse ter entregue uma mensagem em que o chefe de Estado norte-americano felicitou as reformas e o combate à corrupção em Angola.
"Viemos cá com o espírito de amizade e reconhecer os grandes passos que o Presidente e a nova liderança de Angola têm estado a calcorrear para transformar o país, no âmbito do combate à corrupção, e abri-lo ao comércio internacional", disse à imprensa, no Palácio Presidencial, garantindo o apoio norte-americano às reformas e ao combate à corrupção em Angola.
Cyril Sartor acrescentou que Angola é um "país chave" na nova estratégia da política externa dos Estados Unidos para África, salientando esperar um reforço das relações nos setores económicos e na melhoria da governança.
O diplomata norte-americano, que foi recebido também por Manuel Augusto, lembrou que os Estados Unidos incluíram Angola no grupo de três países africanos - ao lado da Nigéria e do Quénia - que, nos próximos tempos, vão beneficiar de financiamento e apoio técnico para impulsionar a actividade económica.
O enviado de Donald Trump afirmou que a ajuda visa sobretudo desenvolver a capacidade empreendedora africana e fornecer assistência técnica e financiamento.
Segundo Cyril Sartor, os Estados Unidos estão abertos a receber sugestões dos empresários angolanos para que se possam identificar os setores que vão beneficiar do apoio.
"Queremos ser para Angola uma alternativa à China no âmbito do financiamento dos projetos. Por isso, dos mais de 50 países africanos, Angola integra esta lista", destacou, acrescentando que há dois anos não seria possível estar em Luanda para fazer esta declaração "porque não existia vontade política para efetuar as atuais reformas".
O representanrte da administração Trump acrescentou que os Estados Unidos apoiam as reformas em curso em Angola e sentem-se "confortados" por verem o empresariado norte-americano a começar a investir no país.
Mestre em história africana, Cyril Sartor já foi diretor adjunto do Centro de Missão da Agência de Inteligência Americana (CIA) em África.