Em declarações à imprensa, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, um dos vacinados, disse não ter sentido nada de anormal no organismo, depois de apanhar a vacina da AstraZeneca, que está a ser ministrada, neste momento, no país.
"É um passo importante que dei e que, certamente, todos os nossos concidadãos darão, porque precisamos, primeiro, de continuar a promover uma situação de saúde pública melhor para todos nós”, realçou.
Manuel Homem garantiu não ter sentido receio algum de apanhar a vacina, apesar das várias informações postas a circular, sobretudo nas redes sociais, segundo as quais aquela vacina está a provocar efeitos colaterais prejudiciais ao homem.
Exortou os angolanos a aderirem, sem receio, à campanha de vacinação em curso, como forma de se adquirir imunidades contra a doença. "Só assim conseguiremos voltar à vida normal, algo muito desejado por todos nós”, frisou, lembrando que a vacina não anula o cumprimento das medidas de biossegurança em vigor até ao momento.
O ministro salientou que a comunicação social tem desempenhado um "papel estruturante e fundamental” na mobilização e sensibilização das populações, sobre a doença, desde que se instalou no país. "Nesta fase de vacinação, desenvolvemos um plano de comunicação que visa sensibilizar todos os angolanos a aderirem a esta grande campanha de vacinação contra a Covid-19 em curso no país”, sublinhou.
O deputado Roberto de Almeida também disse não ter sentido nada de anormal e considerou a vacina necessária para prevenir outros males que podem surgir mais tarde. "Por isso, exorto todos a vacinarem-se para se evitar males maiores”, aconselhou.
O mesmo apelo foi lançado pela vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, que exortou todos a apanhar a vacina, por ser a única forma de imunização. Ao falar para os jornalistas, depois de ser vacinada, a número dois do MPLA exortou os grupos abrangidos nesta fase a apanhar a vacina para estarem imunizados.
Destacou o facto de o país ter feito "um bom trabalho”, no âmbito do corte da transmissão da pandemia. Disse ter sido feito um trabalho antecipado ao qual deve-se louvar. "Acho que a população deveria acompanhar este esforço que o Governo tem estado a fazer no sentido de, quando tiver a oportunidade de vacinar-se, não perder esta soberana oportunidade, na medida em que se trata de um caso de saúde. É uma maneira de apoiar o esforço que o Governo está a fazer no sentido de proporcionar esta vacina aos cidadãos”, realçou.
Cardeal realça sentido de responsabilidade das autoridades
Além de membros do Executivo, da Assembleia Nacional e de partidos políticos, outras individualidades, sobretudo idosos, também foram vacinadas. É o caso do Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, para quem o lançamento da campanha de vacinação contra a Covid-19 dá um certo conforto e demonstra o sentido de responsabilidade das autoridades.
O prelado católico destacou o nível de adesão das pessoas à campanha, tendo referido que a população angolana ainda não é muito grande e "cada vida é um dom de Deus que deve ser preservada”. "Transmitam isso às crianças e aos jovens”, pediu.
O ex-procurador-geral da República, João Maria de Sousa, também foi vacinado. O magistrado jubilado considerou o acto uma grande oportunidade para se evitar que a pandemia continue a atingir números incontroláveis, "razão pela qual estamos aqui”. "Sinto-me bem, depois de apanhar a vacina. Não tenho qualquer sintoma adverso, está tudo bem”, garantiu, João Maria de Sousa, manifestando o desejo de ver toda a população em idade de risco e com cormobilidades a ser também vacinada.
O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, desaconselhou os receios sobre a vacina da AstraZeneca. O também deputado esclareceu que as vacinas, antes de serem administradas, passam por instituições científicas internacionais reconhecidas. "E, se passam por este caminho, é porque há uma certa fiabilidade para os objectivos a que se destinam, que é salvar vidas. Não podemos suspeitar, logo a partida, sem termos fundamentos”, defendeu Lucas Ngonda, para quem a metodologia que está a ser usada pelo Ministério da Saúde vai ajudar a minimizar o risco da doença no país.
A mesma posição teve o deputado Samuel Chiwale. Depois de apanhar a vacina, o co-fundador da UNITA aconselhou os angolanos a apanharem a vacina, como forma de se evitarem mortes desnecessárias. "Essa é a melhor oportunidade de aproveitarmos para sermos vacinados”, considerou. Samuel Chiwalwe prometeu mobilizar a família à vacinação.
Conceição Fortunato Ferreira, de 94 anos, também foi vacinada. Disse ter aderido à campanha de vacinação por ser uma forma de se prevenir da Covid-19. Confessou ter tido medo no princípio, mas, depois de vacinada, o medo passou. "Notei que nem dói”, afirmou a sorrir.
Bom nível de adesão
Até as primeiras horas de ontem, já 98 pessoas tinham sido vacinadas. A directora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas, ressaltou que a adesão está a ser boa e que a meta é vacinar, nos próximos dias, 450 pessoas.
Helga Freitas afirmou que o não uso de luvas pelos técnicos em serviço nas campanhas de vacinação é um acto normal e nada tem a ver com escassez do material. "Isto não está acontecer só em Angola. É um procedimento normal de um acto de vacinação. Em qualquer parte do mundo, não se usam luvas, pelo simples facto de que antes de se vacinar uma pessoa, desinfecta-se as mãos”, esclareceu.
Helga Freitas disse não haver contra-indicação no uso da vacina para pessoas com alergias comuns, mas já o é para os alérgicos graves. Para estes casos, disse, é feita uma triagem, antes de a pessoa ser vacinada, para acautelar a situação. A vacina, sublinhou, é contra-indicada a pessoas que tenham tido febre durante as últimas 24 horas, bem como a mulheres grávidas. Para as pessoas que apresentem sintomas depois da vacina, aconselhou o consumo de muitos líquidos e, em caso de febre, a toma de paracetamol. JA