Os documentos foram hoje entregues pelo grupo técnico científico da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória às Vítimas dos Conflitos Políticos ocorridos entre 1975, ano da independência, e 2002, data do fim da guerra em Angola.
Trata-se de Jeremias Chitunda, vice-presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Elias Salupeto Pena, representante do partido na Comissão Conjunta Político-Militar para o Processo de Paz, de Alicerces Mango, secretário-geral do partido, e de Eliseu Chimbili, chefe dos serviços administrativos da organização política, mortos nos confrontos militares registados em Luanda, na sequência dos resultados eleitorais de 1992.
O processo de emissão de certidões de óbito teve início no mês de maio passado e até à presente data foram já recebidos mais de 1.300 pedidos de certificados de óbito, segundo informou o porta-voz do processo, Israel Nambi, em declarações à rádio pública angolana.
O responsável frisou que a comissão está a trabalhar nestes processos, tendo já produzido mais de 400 certificados e entregado aos familiares mais de 250 certidões de óbitos, sendo o passo seguinte a entrega dos restos mortais às famílias.
Em maio, o Presidente angolano, João Lourenço, fez um pedido de desculpas públicas a todas as vítimas e familiares de pessoas que perderam a vida entre 1975 e 2002, período em que Angola enfrentou um conflito armado.
Familiares reconhecem o gesto
Em declarações à imprensa, Esteves Isaac Pena, irmão de Salupeto Pena, reconhece o gesto do Executivo, adiantando que o mesmo contribui para o processo de reconciliação nacional.
“Para nós, é uma atitude positiva e temos que aceitar a realidade dos factos, aliás, todo o indivíduo que pensa na paz deve ter esta atitude”, salientou.
Por seu lado, Marta Chimbili, filha de Eliseu Chimbili, considerou que o gesto do Executivo angolano permite reaproximar os cidadãos e fortalece o processo de reconciliação nacional.
“É uma mistura de emoções, é indiscritivel, mas de todas as maneiras positivo. É uma forma das pessoas se aproximarem, esquecerem as mágoas, nos olharmos com outros olhos e também contribui para o acalmar das almas”, referiu.
Por seu turno, Ali Mango, filho de Mango Alicerces, salientou que a família aguarda pelos resultados dos exames de DNA para receber os restos mortais e realizar o funeral.