"Esse é parte do dinheiro que a UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola] disponibilizou para aliciar arruaceiros e que só não foi disponibilizado porque nós denunciámos antecipadamente", lê-se numa nota enviada hoje à Lusa pelo secretário para a Informação do bureau político do MPLA, Rui Falcão.
Segundo a nota do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), a UNITA "não aponta o nome de quem terá entregado o referido montante e, muito menos, quem recebeu".
Como tal, refere o texto, "só acredita nele quem não quer ver a verdade".
A UNITA anunciou, na passada sexta-feira, que vai fazer uma queixa-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana "contra o MPLA", após reter 22 milhões de kwanzas (28,7 mil euros) resultantes, supostamente, de uma "campanha de aliciamento" aos seus militantes.
A informação foi avançada em conferência de imprensa pelo secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikuamanga, que acusa o partido no poder de "estar por detrás" da campanha.
Pelo menos 22 milhões de kwanzas foram apresentados à imprensa pelo secretariado provincial de Luanda da UNITA oriundos, alegadamente, de um esquema que visava "aliciar militantes deste partido para se manifestarem contra o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior".
Segundo o secretário provincial de Luanda da UNITA, Nelito Ekuikui, um dos promotores da campanha é um antigo secretário da mobilização urbana do seu partido, na capital angolana, que estará a trabalhar supostamente com o "comité provincial de Luanda do MPLA".
Nelito Ekuikui deu conta de que o aliciamento de militantes do seu partido decorre há três meses, acusando alguns dos dissentes da UNITA em Luanda de estarem a agir em nome do secretário provincial de Luanda do MPLA e terão entregado os valores para que, em troca, mais de 100 militantes da UNITA marchassem contra o seu líder.
O MPLA, por outro lado, considera que a UNITA, "pelo menos até agora, não desmentiu o texto que está a circular nas redes sociais e, pelo contrário, vitimiza-se dizendo que as suas estruturas estão infiltradas por agentes de diversas origens".
"Como sempre, a UNITA é refém de si mesma e incapaz de se modernizar e ultrapassar o que de mal sempre fizeram. Estão com sérios problemas internos que derivam dos profundos problemas de consciência que os seus principais dirigentes carregam", acrescenta-se ainda no texto enviado hoje à Lusa.