A megainvestigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) divulgou esta terça-feira (16.11) o nome de um político angolano na sua lista de mais de 330 figuras públicas que teriam usado paraísos fiscais pelo mundo para ocultar ativos financeiros.
O antigo ministro da Comunicação Social de Angola, Manuel Rabelais, foi citado no escândalo Pandora Papers, do ICIJ.
Rabelais foi ministro dos meios de comunicação de Angola de 2005 a 2010 e mais tarde foi eleito deputado. De 2012 a 2017, o parlamentar dirigiu também uma agência governamental de marketing, a Grecima- criada pelo então Presidente José Eduardo dos Santos.
O pivô do escândalo Luanda Leaks, Rui Pinto, reagiu a divulgação do nome de Rabelais na investigação do ICIJ. O pirata informático publicou em tom de ironia na sua conta no Twitter: "Um novo capítulo da lavandaria".
Hoje os #PandoraPapers revelam que o ex-ministro Angolano, Manuel Rabelais, recentemente condenado a 14 anos de prisão, tinha uma conta bancária na Ilha da Madeira, em nome de uma offshore nas BVI, a Benclam Holdings. Um novo capítulo da lavandaria.https://t.co/lRXw7Bm6rt
— Rui Pinto (@RuiPinto_FL) November 16, 2021
Em 2019, os procuradores angolanos acusaram Rabelais e um antigo colega de desvio de fundos e branqueamento de dinheiro, inclusive através da utilização de contas offshore. Em abril de 2021, Rabelais foi condenado a mais de 14 anos de prisão, mas está livre sob efeito de um recurso impetrado pela sua defesa.
Empresas nas Ilhas Virgens Britânicas
Segundo a investigação do ICIJ, de 2006 a 2008, enquanto ministro dos media, a Rabelais tornou-se proprietária de três empresas de fachada nas Ilhas Virgens Britânicas: Radwan Ltd, Zilford Investments Ltd. e Benclam Holdings Ltd.
O ex-parlamentar teria aberto, segundo o consórcio jornalístico, uma conta bancária para a Benclam Holdings na ilha portuguesa da Madeira, um paraíso fiscal. Rabelais seria proprietário da Zilford Investments Ltd. através de um " Vista Trust" - uma estrutura exclusiva das Ilhas Virgens Britânicas que está isenta de requisitos de registo público.
O Supremo Tribunal de Angola observou que as três empresas offshore receberam mais de 2,8 milhões de dólares [2,5 milhões de euros], tendo depois transferido o dinheiro para contas bancárias de Rabelais, de outros arguidos e dos seus familiares.
Segundo o ICIJ, Os beneficiários incluíam dois dos filhos da Rabelais que os procuradores alegadamente tinham recebido dinheiro roubado para pagar as propinas universitárias no Reino Unido, de acordo com relatos dos meios de comunicação social.
O ICIJ divulgou no seu site que Rabelais foi contactado através do seu advogado, mas não respondeu a pedidos de comentários. DW Africa