O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, fez o lançamento da campanha em conjunto com o presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, e do coordenador do projeto político PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, que integram uma plataforma para a alternância política.
Adalberto Costa Júnior referiu que o país está a poucos dias do início da campanha eleitoral, mais concretamente o dia 23 de julho, considerando insuficiente a verba atribuída por lei pelo Governo aos partidos políticos concorrentes para a realização da campanha eleitoral.
O cabeça de lista da UNITA frisou que têm "um projeto forte de alternância política", reafirmando a "firme convicção" de que essas eleições vão ser ganhas por este partido apoiado por estas forças políticas e sociedade civil.
O político questionou o tratamento igual por parte do Estado entre os partidos políticos da oposição e a força política que sustenta o Governo, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), realçando que "este é um elemento que muito preocupa".
"Nós não vivemos uma democracia e partir para uma campanha em que o partido regime vai aos cofres públicos para financiar a sua campanha é algo absolutamente inaceitável e é isso exatamente que está a acontecer", disse.
Adalberto Costa Júnior citou a entrevista que o Presidente da República, João Lourenço, deu recentemente à RTP África, na qual "assumiu que praticou o peculato, claramente".
"Porque perguntou porque é que eu enquanto Presidente da República não irei usar os meios do Estado nas ações partidárias, nas ações da campanha do meu partido. Isto é um escândalo", considerou.
De acordo com o líder da UNITA, o que mais preocupa não são as quantidades, mas "o tratamento igual, o desrespeito à Constituição".
"Nós partimos com condições completamente diferenciadas sob o absoluto silêncio envergonhado das nossas instituições e a pergunta é: daqui a uma semana e meia quando a campanha começar vamos continuar a ver esta diferenciação de tratamento", questionou.
Numa comparação com as últimas eleições, realizadas em 2017, Adalberto Costa Júnior recordou que naquele ano houve um diálogo, uma negociação, entre os partidos políticos com assento parlamentar sobre o valor a ser atribuído para a campanha eleitoral, o que foi acolhido pelo Governo.
"Hoje, o diálogo está muito mais difícil, não houve rigorosamente nenhum espaço de diálogo. Nós vivemos hoje, a este nível, um défice para o qual nunca nos cansaremos de chamar a necessidade de alcançá-lo. Não há diálogo institucional e lamentamos", frisou.
Inicialmente, o Governo angolano tinha aprovado a verba de 444,8 milhões de kwanzas para o financiamento público das campanhas eleitorais de cada um dos sete partidos políticos e uma coligação concorrentes às eleições gerais de 24 de agosto deste ano.
Após uma revisão, este orçamento foi alterado em decreto presidencial para 1,1 mil milhões de kwanzas (2,3 milhões de euros) para cada uma das candidaturas concorrentes aprovadas pelo Tribunal Constitucional.