Segundo informação hoje avançada à agência Lusa pelo membro do Comité Central da FNLA Joveth Sousa, encontram-se detidos 33 militantes do partido histórico, desde sábado, na sequência de detenções efetuadas pela polícia.
Joveth Sousa disse que o grupo de militantes do partido cruzou-se com uma caravana de motoqueiros, que, no sábado, foram protagonistas de atos de vandalismo na cidade de Luanda, no dia do arranque oficial da campanha eleitoral para as quintas eleições gerais de Angola.
O político adiantou ainda que naquela altura registou-se um embaraço no trânsito e a polícia deteve também os militantes do partido.
“Não compreendemos porque é que a polícia deteve também os nossos militantes, levou-lhes todos para a unidade, que até agora não conseguem soltar os meninos, sabendo que eles não estão envolvidos nessas arruaças, estavam só a cumprir o seu dever de cidadania”, referiu.
De acordo com Joveth Sousa, os jovens estavam a ser transportados num camião ‘trailer’ com música “e bem uniformizados com os trajes do partido”.
“O ‘trailer’ está com as lonas, com os símbolos do partido, as escritas do partido, está muito bem identificado na unidade operativa onde estão os detidos. Todo o equipamento, o camião, os meios de som, os jovens, todos estão na unidade operativa, mas já recebemos informação que ontem [segunda-feira] foram encaminhados para o comando provincial [polícia]”, salientou.
Para tentar resolver o caso, adiantou Joveth Sousa, o partido, mais concretamente o diretor da campanha, o secretário-geral, inclusive o líder da FNLA, está a fazer diligências junto ao comando provincial para a libertação dos jovens.
“Até o presidente já se envolveu nisso, consultando as entidades para esclarecer, afinal de contas, o que é que se está a passar e porquê esse tratamento à FNLA, mas até agora não sabemos o porquê de os miúdos continuarem desde sábado detidos, ninguém nos consegue explicar”, referiu.
Joveth Sousa sublinhou que o partido tem estado em contacto com os detidos, afirmando que “não estão a ser maltratados, mas estão a ser privados de liberdade”.
“E uma privação de liberdade é atentado contra os direitos (…), até domingo não estavam dentro das celas, estavam colocados no pátio, mas a partir de segunda-feira foram recolhidos para as celas e o agravante é que naquele meio tem candidatos a deputados, são três membros candidatos a deputados, isto viola a lei, um candidato não pode ser detido”, realçou.
O membro do Comité Central da FNLA disse ainda que o partido se organizou para fazer chegar mantimentos aos detidos, expressando o desespero das famílias com esta situação.
Na tarde de sábado, a cidade de Luanda registou vários atos de arruaça, em que milhares de motoqueiros, que circularam naquela manhã por algumas zonas da capital angolana, com propaganda eleitoral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, reclamavam o pagamento de 10.000 kwanzas (23 euros), que supostamente lhes tinham sido prometidos.
O MPLA escolheu a província de Luanda para a abertura oficial da campanha eleitoral, com a realização, no período da manhã, de um ato de massa no distrito de Camama, município de Talatona.
Em vários vídeos postos a circular nas redes sociais foram vistos grupos de motoqueiros a queimar material de propaganda eleitoral do MPLA, nas zonas da Ilha de Luanda, na rua adjacente à entrada da Cidade Alta, Cidadela Desportiva, de pelo menos uma viatura incendiada e outras vandalizadas.
Naquela tarde, foram também ouvidos vários disparos de armas de fogo.
A Lusa contactou a polícia para mais esclarecimentos, mas sem sucesso.