Cerca de 14 mil motoqueiros desfilaram no passado sábado, em Luanda, numa passeata “em louvor dos feitos” do Presidente angolano, João Lourenço, também presidente do MPLA e recandidato ao cargo nas eleições gerais de 24 de agosto, organizada pela Associação de Jovens Unidos e Solidários (AJUS), cujos dirigentes são militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
A iniciativa, realizada no mesmo dia em que João Lourenço presidiu a um megacomício que marcou o arranque da campanha eleitoral, terminou com distúrbios e atos de vandalismo, alegadamente devido ao facto de a organização ter falhado nos pagamentos aos jovens participantes, o que a AJUS desmente.
Além de uma viatura incendiada, na Ilha de Luanda, os motoqueiros queimaram também material de propaganda política com a efígie de João Lourenço.
No entanto, o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, nega que o partido tenha fornecido materiais, sublinhando que “os meios de campanha não têm qualquer semelhança com os usados na dita passeata”.
Em resposta às questões colocadas pela Lusa, Rui Falcão garantiu que o secretariado do Bureau Político “não fez qualquer contacto” com os envolvidos e que a estrutura de coordenação da campanha “não tomou conhecimento de qualquer passeata”.
“Não faria qualquer sentido autorizar a sua realização no preciso momento em que estávamos a preparar o lançamento da nossa campanha com um comício gigantesco” presidido pelo candidato do MPLA, comentou.
A polícia angolana nunca se pronunciou oficialmente sobre a ocorrência, apesar das várias tentativas feitas pela Lusa nesse sentido.
Nas redes sociais, há relatos que apontam para três mortos e um número indeterminado de feridos e detidos que a polícia não confirma nem desmente, optando por não responder às questões.