O presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, disse hoje à Lusa que preocupação do pagamento dos delegados de lista, que trabalharam nas eleições de 24 de agosto, é generalizada pelo que os partidos fizeram um pedido conjunto ao Presidente angolano.
“Foi uma reclamação conjunta com todos os partidos que se sentem essa necessidade, a necessidade é mais ou menos igual, estamos a necessitar cerca de 600 milhões de kwanzas cada para esse pagamento”, afirmou o líder do PRS.
Para as eleições de 24 de agosto, cada partido recebeu 1.112 milhões (2,6 milhões de euros), quase três vezes mais que o valor pago em 2017
Para o presidente dos renovadores sociais, os subsídios para os delegados de lista “deveriam ser cabimentados pela Comissão Nacional Eleitoral (PRS), mas infelizmente essa verba não foi disponibilizada”, ao contrário do que sucedeu em 2017.
Nesse sentido, o subsídio total é "insuficiente não tem chegado para o pagamento dos delegados de lista”, assumiu.
No caso do PRS, “temos feito alguns esforços dentro da possibilidade que temos para tentar corresponder esse desidrato, pese embora já fizemos alguma reclamação junto do chefe de Estado para ver se realmente essa situação pode ser vista”.
Delegados de lista de várias forças políticas, que concorreram nas quintas eleições gerais angolanas, reclamam pelo pagamento dos seus subsídios e inclusive estes já realizaram manifestações junto das sedes dos respetivos partidos.
A sede nacional da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), em Luanda, foi vandalizada por alguns delegados que exigem pelo pagamento dos seus subsídios e situação semelhante foram registadas nas instalações da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), em Luanda e no interior do país.
Hoje, à Lusa, o presidente da FNLA, Nimi a Simbi, confirmou que o seu partido continua em falta com os respetivos delegados de lista e que aguarda pela resposta da solicitação conjunta feita ao Presidente angolano, João Lourenço.
Segundo o líder dos “irmãos”, o seu partido precisa de cerca de 600 milhões de kwanzas para liquidar a dívida. “Não há outra forma, se ele (Presidente da República) disponibilizar o dinheiro nós pagamos, porque precisamos atender os delegados de lista de todo o país, porque estão a partir as nossas estruturas no interior do país e aqui em Luanda”, lamentou.
Nimi a Simbi recordou que grande parte dos delegados de lista do seu partido realizou manifestações no interior do país, sendo que no Uíje as suas estruturas também foram vandalizadas e, no Namibe, o seu representante foi vítima de um atentado.
“Quase em todas as províncias estão a reagir assim negativamente, a situação é muito preocupante, o caso não é para menos, o Estado tem mesmo de colocar a mão porque nós não temos esse dinheiro para os pagar, são os custos da democracia e eles têm de pagar mesmo”, atirou o presidente da FNLA.
E a CASA-CE, que viu vandalizada a sua sede em Luanda, também continua em falta com os delegados de lista e espera por uma resposta da carta conjunta remetida, na última semana, do Presidente angolano.
Uma fonte do colégio presidencial da coligação disse à Lusa que a força partidária “está em reflexão, aguarda pelo posicionamento do Tribunal Constitucional” e, ao mesmo tempo, pela resposta de João Lourenço sobre verba para delegados de lista.
Na semana passada, o presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, divulgou a ata de apuramento final das eleições gerais de 24 de agosto, que proclamou o MPLA e o seu candidato, João Lourenço, como vencedores com 51,17% dos votos, seguido da UNITA com 43,95%.
Com estes resultados, o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.
A FNLA, o PRS e o estreante Partido Humanista de Angola (PHA) elegeram dois deputados cada.
A CASA-CE, a Aliança Patriótica Nacional (APN) e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.
A UNITA juntamente com o Bloco Democrático (BD) e a CASA-CE interpuseram um recurso contencioso eleitoral junto do Tribunal Constitucional angolano apontando alegadas “irregularidades no processo”, e o recurso tramita naquela instância.