“Nós não entendemos como outras nações ainda não reconheceram ou felicitaram o Presidente João Lourenço, nós trabalhamos com os órgãos oficiais do Estado angolano”, disse à Lusa Rafael Vidal, à margem da comemoração do bicentenário da independência do Brasil, que hoje foi celebrado no Instituto Guimarães Rosa, em Luanda.

O diplomata sublinhou que as missões de observação eleitoral “deram bons pareceres” e atestaram a ótima organização das eleições, pelo que o Brasil não podia "ficar à mercê de questões política internas".

“A comunidade internacional trabalha com os resultados oficiais divulgados”, destacou.

Portugal é um dos países que ainda não parabenizou João Lourenço pela reeleição, tal como os restantes países da União Europeia, estando ainda em curso os processos de contencioso eleitoral interpostos pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), cujo desfecho deverá ser anunciado na quinta-feira.

Questionado sobre o facto de decorrer ainda este processo e se esse reconhecimento não significa retirar credibilidade ao recurso a estas instâncias, considerou que “essa é uma questão que vai ser discutida nos foros adequados angolanos”.

“Por exemplo, nós, enquanto comunidade internacional não podemos esperar indefinidamente uma decisão em relação aos resultados da eleição, imagine se uma discussão dessas dura um ano. É uma questão interna da política angolana, mas os países amigos, a comunidade internacional não pode ficar refém disso, nós temos de trabalhar com os resultados oficiais", reforçou.

Assinalou também que as relações entre os dois países continuam fortalecidas.

“Sempre estiveram”, sublinhou o diplomata que aludiu no seu discurso ao trabalho de João Lourenço na consolidação da democracia em Angola.

“Angola sai dessas eleições com uma Assembleia Nacional fortalecida pela diversidade de visões, mas unida em torno do projeto nacional comum angolano de desenvolvimento com justiça social”, frisou.

Para Rafael Vidal, João Lourenço tem desenvolvido um "louvável projeto de governo de fortalecimento das instituições do Estado e da democracia, modernização da economia, ampliação da base produtiva, expansão da agricultura, melhoria gradual das condições de vida da população e combate à corrupção, metas, aliás, assemelhadas às do Presidente Jair Bolsonaro", que concorre à reeleição contra o ex-presidente Lula da Silva.

O embaixador do Brasil destacou ainda que em África, João Lourenço tem sido ator destacado na diplomacia regional em busca da paz, segurança e desenvolvimento com a diplomacia angolana a afirmar-se no contexto internacional, regional africano e multilateral no âmbito das Nações Unidas, na gestão do ministro, Téte António.

Quanto ao processo eleitoral no Brasil, que vai a votos no próximo dia 02 de outubro, considerou que decorre dentro da normalidade.

“É sempre emocional, a política é emocional, mas estamos absolutamente tranquilos quanto ao pleito”, afirmou.