O cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais de Angola admitiu hoje - em declarações à Lusa à margem de uma ação de campanha em Benguela (sul do país) - uma coligação pós-eleitoral com os partidos da oposição, nomeadamente a CASA-CE, "se as condições e as circunstâncias" o exigirem.
"Desde que as condições, as circunstâncias no momento nos forcem a isso, não hesitaremos", disse Isaías Samakuva.
Isaías Samakuva assumiu que esta é uma proposta inspirada, em certa medida, pela solução encontrada em Portugal entre o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda (com acordos separados a possibilitar a governação do segundo partido mais votado nas eleições de 2015, o PS).
"Penso que poderei dizer que sim, porque antes de acontecer em Portugal ninguém falava disso. Antes de acontecer em Portugal ninguém falava dessa fórmula. Quando aconteceu em Portugal parece que as pessoas despertaram para uma realidade de que afinal é possível", explicou à Lusa após a ação junto dos militantes.
"Se chegarmos à posição de Portugal - na qual os partidos da esquerda juntos foram capazes de formar uma maioria - nós poderemos fazê-lo. O essencial é afastar o MPLA", completou.
Questionado sobre se esta poderia ser uma "geringonça angolana", Samakuva reiterou que "em Angola é possível", desde que os restantes partidos da oposição unam forças.
"Sim. Em Angola é possível. As pessoas estão atualmente com os partidos da oposição, resta depois saber se os outros aceitam. Mas com o objetivo principal de deslocar o MPLA do poder", disse Isaías Samakuva.
Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).
O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.