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João Lourenço acusa CASA-CE de retornar fantasma da guerra em caso de derrota

Post by: 21 Agosto, 2017

O cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais angolanas de quarta-feira, João Lourenço, acusou hoje o líder e candidato da coligação da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, de fazer retornar o fantasma da guerra em caso de derrota eleitoral da oposição.

As críticas foram dirigidas na cidade de Luanda, durante uma passeata organizada pelo MPLA, partido no poder em Angola desde 1975, depois da divulgação, nas redes sociais, de um vídeo de um comício na província do Zaire, em que o cabeça-de-lista da coligação CASA-CE por aquele círculo provincial, Makuta Nkondo, aparece ao lado de Abel Chivukuvuku, alegadamente incentivando à destruição de edifícios públicos e carros, em caso de derrota.

A poucas horas do fecho da campanha eleitoral, João Lourenço não deixou passar o caso, que tem vindo a ser criticado em vários fóruns, e numa curta intervenção durante a passeata de hoje visou Abel Chivukuvuku, o candidato da CASA-CE, segunda força da oposição, à eleição indireta para Presidente da República, por não ter mandado "calar" Makuta Nkondo, "como era sua obrigação".

"O que significa dizer que está de acordo com o que o militante dele disse. Não podemos aceitar que 15 anos após o estabelecimento da paz e da reconciliação no nosso país ainda se venha a público, em plena campanha eleitoral, incitar os cidadãos a meter fogo nas instituições do Estado, nas repartições públicas, nos carros. Só isso é um crime", criticou João Lourenço, sem nunca referenciar nomes.

"Mas o que mais nos repugna é o facto de o líder desse partido político [coligação] ter estado ao lado e não ter tugido nem mugido, como se diz na gíria. Talvez tenha uma razão. Talvez o líder desse partido esteja a tentar cumprir agora, não sei quantos anos depois, desde 1992, com uma promessa feita naquela altura, que não era uma boa promessa para a sorte dos angolanos", acrescentou, referindo-se a declarações de Abel Chivukuvuku, então ainda dirigente da UNITA, apontando a "somalização" de Angola em caso de derrota eleitoral, aludindo ao conflito à época na Somália.

No vídeo que provocou a polémica final da campanha eleitoral, Makuta Nkondo surge junto a Abel Chivukuvuku, falando para militantes e apoiantes em língua nacional kikongo, legendada, cuja veracidade não foi, até ao momento, negada pela CASA-CE.

"As eleições em Angola não são nada. As eleições são pura mentira para tapar as vistas das populações. A partir de agora vamos passar a realizar grandes manifestações, queimar todas as administrações e todos os seus carros", diz o candidato da CASA-CE, no mesmo vídeo.

"Pedi também à juventude do Nzeto [município do Zaire] que se preparassem para organizarmos uma manifestação para assustarmos o administrador [municipal]. Quando eles virem o edifício da administração e os carros a queimar, eu bato o peito", afirmou Makuta Nkondo.

Já João Lourenço, ministro da Defesa e general na reserva, atacou a oposição, por "fazer passar a mensagem" que "depois do voto vai haver confusão", mas garantindo "que isso não vai acontecer".

"É provável que alguns desses partidos têm vontade de agir assim, mas o Estado não vai permitir. As autoridades estão alerta e o primeiro que tentar será tratado devidamente pelas autoridades policiais, porque ninguém quer confusão, ninguém está no direito de estragar a nossa festa. Numa festa, quando aparece um bêbado a fazer confusão, a gente põe-no na rua", disse.

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

A campanha eleitoral arrancou a 23 de julho e termina ao final do dia de hoje.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.

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