No sábado passado, o Movimento Popular de Libertação de Angola, partido do poder desde que o país conquistou a independência em 1975, marcou o arranque da mobilização de militante e simpatizantes, para mostrar a sua popularidade, com marchas em apoio do seu líder e Presidente de Angola, João Lourenço, que a UNITA quer destituir.
A marcha dos “camaradas” decorreu a nível nacional, incluindo um enorme comício em Luanda, liderado pelo primeiro secretario provincial do MPLA e governador da capital angolana, Manuel Homem
O relançamento das jornadas políticas e patrióticas sob o lema “Meu CAP, Meu Partido, para “cerrar fileiras em torno do Camarada João Lourenço”, contou com a participação de dirigentes destacados e viu Manuel Homem reafirmar que os cidadãos e os militantes devem estar “vigilantes” contra os inimigos da estabilidade nacional.
“Não se deixem manipular com falácias e defendamos o nosso líder, em todos os níveis, na Província de Luanda. É responsabilidade de todos os militantes preservar a caminhada vitoriosa do nosso partido”, disse na altura o líder partidário.
Por outro lado, o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, deixou claro que a ameaça de destituição não preocupa o partido do poder
"Venha o voto secreto, para eles [UNITA] levarem uma surra definitiva. Se é o que querem, e se a lei permitir, o MPLA não tem medo disto. E 100% dos deputados do MPLA não vão votar a favor disto", declarou à DW.
"O MPLA é forte porque a sua base é forte. Devemos orientar o partido na base e caminharmos juntos até a vitória em 2027", apelou ainda Manuel Homem aos apoiantes que acorreram ao Largo das Escolas o mesmo local onde este sábado, dia 05 de agosto, a UNITA vai juntar os seus partidários.
O ato de massas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), anunciado na terça-feira, está também enquadrado na celebração do aniversário do fundador do partido, Jonas Savimbi nascido a 03 de agosto de 1934 e morto em 22 de fevereiro de 2002 pelas tropas governamentais
Este será o ato central das atividades comemorativas, e será presidido pelo presidente da UNITA Adalberto da Costa Júnior, sendo antecedido de uma marcha com início no cemitério de Santa Ana.
Em conferência de imprensa, Álvaro Chikuamanga Daniel, secretário-geral da UNITA salientou que o país vive “uma crise profunda e multifacetada” resultante da má governação do atual regime que tem agravado o sofrimento das famílias angolanas “muitas delas obrigadas a procurar alimento em contentores de lixo”.
“Não foi por esta Angola que os signatários dos acordos de Alvor lutaram”, afirmou, aludindo aos líderes dos três movimentos de libertação nacional angolanos, Jonas Savimbi (UNITA), António Agostinho Neto (MPLA) e Holden Roberto (FNLA).
Álvaro Daniel evocou o pensamento dos três líderes e o “patriotismo” de Jonas Savimbi, em vésperas da data que assinala o aniversário do fundador da UNITA, para falar sobre o que pretender ser “uma jornada de reflexão” sobre Angola.
“Um país onde o regime teima em não concretizar o poder autárquico e “joga na chantagem” quando “levanta o machado da guerra face as legítimas reivindicações” dos trabalhadores e dos jovens, acusou.
O mesmo responsável apontou ainda para um “regime atrapalhado que deliberadamente infunde a confusão, semeia o boato e o medo”, usando um “discurso musculado” para contrariar a iniciativa de destituição de João Lourenço que a UNITA quer levar à Assembleia Nacional.
“Uma iniciativa política perfeitamente coberta pela Constituição que ele [o regime angolano apoiado pelo MPLA, no poder desde 1975] exclusivamente aprovou em 2010”, continuou.
N principal praça eleitoral do país, com mais de 10 milhões de habitantes, cerca de um terço da população angolana total, a UNITA foi pela primeira vez o partido mais votado nas eleições que tiveram lugar a 22 de agosto de 2022.
Entretanto, o MPLA anunciou também para este sábado mais um ato de apoio a João Lourenço, no Sambizanga, um distrito pobre e populoso de Luanda, onde está também prevista uma marcha.