Adalberto da Costa Júnior falava à saída de um encontro com o bispo de Cabinda, Belmiro Chissengueti – o primeiro de uma jornada de quatro dias pela província mais a norte de Angola, em que vai reunir-se com várias entidades e realizar o primeiro comício do ano.
Expressando “grande satisfação” por voltar à região pela primeira vez desde as eleições, o líder da UNITA que escolheu viajar de catamarã, a partir da cidade do Soyo, em vez do habitual avião, explicou aos jornalistas que quis “entrar pelos passos normais, das pessoas comuns”.
“Vim verificar como as pessoas viajam, vim no meio das populações, foi uma belíssima experiência, para repetir”, destacou.
Sobre os objetivos da vinda a Cabinda, afirmou que quer partilhar a visão da UNITA sobre os desafios do país, apontando, entre estes, a necessidade de estabilidade, o Estado democrático e de direito, o combate à pobreza e à diminuição dos direitos.
“Há uma claríssima redução das liberdades com um Governo que começa a fazer aprovar leis que muito preocupam o país”, realçou o político, sublinhando que a UNITA tem “uma grande responsabilidade”.
“Com o voto de Cabinda, a UNITA conseguiu quebrar os dois terços tradicionais [de maioria parlamentar do MPLA, partido no poder desde 1975]”, disse, considerando que se trata de um elemento estratégico para contrariar “o fantasma” do terceiro mandato do Presidente, João Lourenço, que a Constituição angolana impede.
“E impossível haver terceiro mandato sem a UNITA, nós não vamos entrar por essa via”, reforçou o líder do partido do 'galo negro'.
O presidente da UNITA, acompanhado de uma delegação com vários deputados e dirigentes partidários, foi também recebido pelo vice-governador de Cabinda, Miguel Oliveira, a quem apontou a importância do poder local em Angola, que considerou complementar ao poder central.
Num encontro descontraído, o vice-governador acolheu com boas vindas à delegação da UNITA, a quem desejou sucesso na sua missão de trabalho.
O responsável terminou a reunião, evocando o encontro Angola-Nigéria, para o Campeonato Africano das Nações (CAN), que se joga na próxima hora: “fiz macumba toda a noite para garantir que Angola vai ganhar”, gracejou.