"A UNITA reafirma que, até este momento, em Angola não existe nenhum Presidente da República eleito, como também ainda não existem quaisquer deputados eleitos", lê-se no comunicado que o secretariado executivo da comissão política do partido enviou hoje à Lusa.
Os resultados provisórios das eleições gerais de 23 de agosto, divulgados na sexta-feira pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, apontam a vitória do MPLA, com 61% dos votos, e a eleição de João Lourenço como próximo Presidente da República de Angola, colocando a UNITA no segundo lugar, com 26,7%.
Em simultâneo, os principais partidos da oposição, UNITA e CASA-CE, já anunciaram que estão a fazer contagem paralela e que aponta, até ao momento, para resultados diferentes dos divulgados pela CNE.
No sábado, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou João Lourenço (MPLA), numa mensagem publicada na página da Presidência na Internet.
Nas felicitações ao "Presidente eleito da República de Angola", o chefe de Estado português sublinhou os laços fraternais que unem os dois países e os dois povos.
Também no sábado, o líder e cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais, Isaías Samakuva, numa declaração ao país feita em Luanda, foi perentório: "O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. O país ainda não tem um Presidente eleito nos termos da lei".
No comunicado de hoje, a UNITA volta a afirmar que nos dias 24 e 25 de agosto - dias seguintes à eleição - "não houve qualquer reunião dos órgãos provinciais da CNE para apurar resultados eleitorais" e que "nenhuma" dessas 18 comissões tinha iniciado os trabalhos de apuramento provisório, "nem produziu qualquer ata, nem enviou qualquer informação que pudesse servir de base para Luanda divulgar resultados".
O partido diz que, conhecendo a "sensibilidade acrescida aos fenómenos sociais e aos valores da democracia" com que o Presidente da Republica Portuguesa "tem vindo a interpretar o seu mandato", "mais escandalizados ficamos com o seu posicionamento de reconhecimento de um Presidente, numa altura em que ainda se está a proceder ao escrutínio dos votos".
Acrescenta a UNITA que Marcelo Rebelo de Sousa "tem ao seu dispor todos os mecanismos que lhe permitem saber de toda a realidade que envolve o processo eleitoral angolano", pelo que não entende a "forma precipitada e desavisada como o Presidente da República Portuguesa felicita um suposto Presidente Eleito de Angola".
"Os angolanos também querem que no seu país impere o Estado de direito, pelo que a UNITA apela a todos os interessados no dossiê angolano a terem calma e paciência até que os resultados definitivos, reconhecidos por todos, sejam disponíveis. Logo que terminarem os trabalhos de apuramento que se iniciaram no dia 26 de agosto, e a CNE proclamar o presidente eleito, os angolanos todos terão a oportunidade de o felicitar. Nessa altura serão certamente bem-vindas todas as demais felicitações legítimas", concluiu o comunicado do partido.