Higino Carneiro, que no ano passado, havia dado o dito por não dito, assegurou que o contexto hoje lhe permite esclarecer o assunto melhor do que na anterior ocasião, pelo que hoje já poucas dúvidas restam sobre se vai ou não estar na lista de candidatos à sucessão de João Lourenço no partido e na direcção do país.
“Quando no outro dia me fizeram esta pergunta, eu estava a sair de uma outra conferência. Tinha transmitido a nossa experiência, o nosso conhecimento em relação a todo o processo de paz ocorrido no nosso país. Mas, hoje, e porque me está a fazer uma pergunta directa, devo dizer que eu estou a ponderar”, afirmou, quando questionado pela estação radiofónica.
Para que tal se concretize, Higino Carneiro aguarda apenas que os órgãos do partido, em particular o Comité Central, sinalizem, já que o estatuto da organização política permite múltiplas candidaturas.
“Agora, é evidente que o nosso partido tem estatuto, tem um Comité Central. É necessário que o Comité Central defina os passos subsequentes que podem conduzir a que realmente surjam candidaturas. Eu estando a ponderar, neste sentido, seguramente, havendo esta possibilidade, eu estarei no pelotão da linha da frente”, assegurou Higino Carneiro.
O político entende que é chegada a hora de recuperar a ‘mística vencedora’, uma “mística de um partido ganhador, forte, coeso, disciplinado, olhando para o futuro com confiança e com o pensamento sempre na vitória”.
Mas, mais do que a mística, o político acredita que seja necessário também “começar-se a responsabilizar todos aqueles que em nome do MPLA falam, e trabalham para ele para o seu sucesso, da base ao topo”, muito embora que reconheça um sentimento de desagrado que afecta não só os militantes do seu partido, mas o cidadão em geral.
“É evidente que podemos sentir e observamos aqui na base e não só, que os militantes, os cidadãos de uma maneira geral — não estou a referir-me apenas aos militantes do MPLA, [mas] ao povo no geral —, por força das necessidades se vai sentindo desmotivado; se vai sentindo desagradado com o contexto, mas nós temos que entender a conjuntura, e temos que acreditar que temos um futuro, temos um caminho longo a percorrer”, referiu.
Para o político, o compromisso com Angola está para lá de uma só mão. Não está, segundo Segundo Higino Carneiro, apenas nas mãos de quem tem o controlo do leme do país, mas de um esforço conjunto, de todos, e não só daqueles que se encontram à frente do destino do país, da governação, quer superior como de base.
“Todos nós temos de nos enquadrar nesse contexto e o meu apelo, não só aos militantes mas aos cidadãos, é que nós temos que ter orgulho. Antes de nos orgulharmos do país que temos, temos que ter orgulho de nós próprios. Temos de sentir que somos capazes, que temos capacidade de juntos trabalhar, envolvermo-nos na empreitada de que o país precisa para realmente termos um futuro com o desenvolvimento que nos agrade, com condições saudáveis, de progresso, enfim. Os angolanos precisam disso”, frisou.
Questionado sobre a sua relação com Presidente João Lourenço, o actual líder do partido e chefe de governo, Higino Carneiro tratou de esclarecer que não existe qualquer clima de crispação entre ambos, caracterizando a relação de “excelente”.
“Fomos companheiros de armas. Ele é o líder do nosso partido, é meu camarada, é meu irmão e eu não tenho outra condição senão de ajudar no lugar onde me encontro e servir também o meu país e o partido que ele dirige. Quando sou chamado, eu estou presente, aliás, estou sempre na linha da frente”, concluiu.