A situação foi relatada pelo coordenador geral da FPU e presidente da UNITA (maior partido na oposição), Adalberto Costa Júnior, o qual criticou o que chamou de “natureza violenta” do regime angolano.
“O que ocorreu, de facto, naquela rua da Presidência (à Cidade Alta, em Luanda) é [que] fomos impedidos de chegar ao Tribunal Supremo, é importante que o cidadão saiba que esta é a natureza do regime liderado por João Lourenço [Presidente de Angola]", disse Adalberto Costa Júnior aos jornalistas.
Para o líder da UNITA, “é importante que o regime reflita a necessidade de reformar esta natureza violenta, uma natureza de não diálogo, que não é democrática e que não tem a liberdade de o cidadão circular normalmente junto das suas instituições”.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram um cordão de viaturas afetas à guarda presidencial e os respetivos efetivos armados a bloquear a principal rua de acesso ao Tribunal Supremo para impedir a mobilidade dos responsáveis da FPU.
O documento da FPU, apresentado na quarta-feira, em conferência de imprensa, retrata a degradação do país, sublinhando que a crise que se vive em Angola tornou o quotidiano da maioria dos angolanos “um autêntico calvário”, tendo os responsáveis do bloco anunciado que iriam remetê-lo hoje às instituições estatais.
A caravana composta pelos líderes da FPU, nomeadamente, Adalberto Costa Júnior e os coordenadores adjuntos Abel Chivukuvuku, Filomeno Vieira Lopes e Francisco Viana, entregou a primeira cópia do documento ao Protocolo da Presidência da República de Angola.
“Entregamos ao Protocolo da Presidência, por via de uma janela de grades na presidência, o que não é correto”, realçou Adalberto, salientando que a caravana foi depois impedida de se dirigir à sede do Supremo Tribunal.
“Quem estava a dirigir a carta ao Tribunal Supremo eram líderes partidários, deputados na sua maioria e alguns membros do Conselho da República, numa postura cívica, mas que leva a algum nervosismo desnecessário (…). Esta Angola precisa de diálogo, reforma, de esperança e não de fome”, criticou.
O mesmo documento foi igualmente entregue na sede da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), onde a caravana da oposição foi recebida por um sacerdote.