Dino Matrosse disse que tem visto “alguns escritos” que o agridem politicamente, mas são “pessoas que o conhecem mal”, sobretudo "essa juventude que está aí em determinados lugares, a defender o seu eu”.
“Nós estamos aqui, nós defendemos sempre a população, a nação, não temos nenhum projeto pessoal, as pessoas que me conhecem, os mais velhos, sabem quem sou eu”, disse Dino Matrosse, em declarações à Lusa.
Nos últimos dias, circulam nas redes sociais alguns textos sobre um suposto complô contra João Lourenço, liderado por Dino Matrosse, que alegadamente estaria a apoiar a ascensão do antigo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, para a liderança do MPLA.
Este antigo dirigente do MPLA destacou que “o partido não está dividido, como tal, mas há camaradas desavindos, que não aparecem”.
Nestes textos, há também alusão à existência de “risco iminente de fracionamento dentro do partido, apontando que movimentos similares, no passado, levaram à divisão interna”.
O histórico do MPLA sublinhou que o que têm escrito sobre si, vai contra o que defende, que é contra divisões e alerta sobre as suas consequências, em suas obras publicadas sobre este assunto.
O Também antigo deputado à Assembleia Nacional diz que é normal que apareçam no seio do partido, dois, três ou quatro candidatos que queiram concorrer à liderança, com o término do mandato do atual presidente, em 2027, observando que o estatuto do partido permite múltiplas candidaturas.
“O estatuto do partido coincide agora com os mandatos da Constituição, tem dois mandatos, com cinco anos, terminou, acabou, vem outro. E não se espera por 2027 (para surgirem potenciais candidatos), tem que ser antes, o candidato tem que começar o seu trabalho antes, para ser conhecido, para congregar o partido e levar o partido à vitória”, disse Dino Matrosse, declarando que essa é a sua visão e é pública.
“Que concorra oito ou sete, deixem os militantes decidirem, não se deve fechar, o partido pode propor o seu candidato, o próprio presidente pode propor, mas não pode afastar a apetência dos que queiram concorrer”, acrescentou o político, sublinhando que há democracia interna e não há razão para “todo este alarido”.
Além do nome do ex-presidente do parlamento angolano, têm sido avançados outros nomes, como do general Higino Carneiro, que já ocupou vários cargos no Governo de Angola.
Sobre um terceiro mandato para Presidente da República, Dino Matrosse disse que a sua posição “é clara”, o estatuto do partido não permite e o MPLA não tem número de deputados suficientes para alterar a Constituição.
Para Dino Matrosse, “é muito grave” algumas coisas que estão a escrever sobre si, salientando que está habituado a estas críticas, desde que foi secretário-geral do MPLA, mas que nunca respondeu.
“Sempre respondi com o meu trabalho, com aquilo que eu sabia fazer desde que me fiz militante do MPLA. Tenho 81 anos e quando cheguei no MPLA tinha 19, não conheci outro partido, não conheci outro patrão na minha vida”, disse.
Dino Matrosse referiu que atualmente é militante de base, o seu foco nunca foi ter cargos no partido e os que assumiu ao longo do tempo foram os dirigentes do MPLA que o nomearam.
Sobre o encontro que o presidente do MPLA vai realizar, na segunda-feira, com os coordenadores do Comités de Ação do Partido (CAP), Dino Matrosse considerou normal, “porque o estatuto dá-lhe esta possibilidade de reunir com os militantes a qualquer momento que quiser, independentemente dos níveis de hierarquia a nível do partido”.