“A urgência está relacionada com esta manifestação que vai acontecer já no dia 31. Como o comportamento da polícia tem sido, do nosso ponto de vista, fora da lei, queremos discutir [com o ministro do Interior] os aspetos da atuação policial para evitar agressões e situações mais graves”, disse hoje Filomeno Vieira Lopes.
Em declarações à Lusa, o político, que disse não ter até ao momento qualquer resposta da carta remetida na quarta-feira ao gabinete do ministro, Eugénio Laborinho, argumentou que pretende apenas que a polícia cumpra a lei.
Segundo o presidente do BD, a polícia angolana está atualmente a utilizar armas de combate e não de proteção dos cidadãos, “para inibir as liberdades”, e era necessário um diálogo com as autoridades sobre os aspetos legais relacionados com a atuação policial.
“É também função dos partidos políticos abordarem a proteção das liberdades fundamentais, como a liberdade de manifestação, temos o dever de proteger esta liberdade e havendo esse interesse vamos conversar com o ministro do Interior porque é urgente”, referiu.
Ativistas angolanos disseram à Lusa, em 19 de agosto, que estavam a receber ameaças por convocarem uma manifestação contra as leis de vandalismo e de segurança nacional, aprovadas pelo parlamento, considerando que estas contêm “normas ambíguas que limitam as liberdades”.
A manifestação convocada pelo denominado “movimento social” contra as referidas leis, congregando várias associações cívicas e políticas, está agendada para 31 de agosto, em Luanda, e, segundo a organização, o governo da capital angolana já foi informado sobre a marcha.
Filomeno Vieira Lopes, que diz ter enviado também diretamente uma cópia da carta ao ministro do Interior, onde pede que a audiência aconteça antes deste sábado, lamentou ainda as ameaças “que já decorrem” contra os ativistas.
“Vem aí uma manifestação, já estamos a ver no ar um conjunto de atitudes preventivas do ponto de vista repressivo, como ameaças, e queremos que esta situação não perdure”, realçou, manifestando-se disponível para o diálogo.
“E, então, depende só dele [ministro do Interior], porque não sei se o conceito de urgência é o mesmo”, disse.
A manifestação “está convocada, está informada à polícia, de acordo com o registo que temos, não é sequer uma manifestação nossa, mas de um grupo do movimento cívico, mas, enquanto partido político, fizemos essa abordagem para proteger os cidadãos”, concluiu o líder do BD.