O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) disse que encarou com tranquilidade a legalização do partido de Abel Chivukuvuku, integrante da FPU, referindo que quem tem condições de propor uma legalização deve ser legalizado.
"Sempre entendemos que quem tem condições de propor uma legalização deve ser legalizado e o que nós vimos foi subterfúgio, o PRA-JA teve todas as condições para obter a sua legalidade há muitos anos, razões políticas levaram a impedi-lo, razões políticas também (concorreram para a sua legalização) como agora o próprio Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder) está a confessar", respondeu hoje à Lusa.
Em declarações na Assembleia Nacional, onde hoje o Presidente angolano, João Lourenço, apresenta uma mensagem sobre o Estado da Nação, o líder da UNITA negou que a legalização do PRA-JA seja o fim da FPU.
"Ouvi juristas a dizerem que a legalização agora é o fim da bancada parlamentar da UNITA e estamos a entender o que é que motivou a legalização, não foi uma vez mais a legalidade, foi sim o regime pensar que obtém dali alguma vantagem. A FPU está estável", assegurou.
O Tribunal Constitucional angolano anunciou na semana passada a legalização do PRA-JA Servir Angola, uma decisão põe fim a um processo que se arrastava desde 2019, ano da apresentação do projeto, que acabou por ser rejeitado em 2020 pelo tribunal, obrigando a esperar quatro anos para nova tentativa de legalização.
Esta nova agremiação política integra a FPU, uma plataforma criada nas eleições gerais de 2022, liderada pela UNITA, coordenada por Adalberto Costa Júnior, coadjuvado por Abel Chivukuvuku e pelo presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.
Hoje, Adalberto Costa Júnior negou que a legitimação o PRA-JA seja a "morte" da FPU, insistindo na tranquilidade no seio da plataforma, que elegeu 90 deputados em 2022.
"Nós estamos tranquilos, o regime, com os seus programas, tem sempre um propósito: dividir para reinar, sempre foi assim, a história sempre nos provou e todos sabemos o que se passa no seio daquele partido, crise grave", atirou.
Em relação à sua expetativa sobre o discurso à Nação de João Lourenço, Costa Júnior criticou a atual realidade socioeconómica do país, marcada por "extrema pobreza, fome e miséria", pedindo uma "radiografia real" com soluções para os referidos problemas.
O também deputado à Assembleia Nacional lamentou igualmente o que considera de "grade défice de diálogo institucional no país, pedindo que João Lourenço "reconsidere" a necessidade de o país ter autarquias.
"Espero que nós possamos fazer melhor para o futuro para o bem do país e quem sabe se nesse discurso vamos ouvir dizer que então que vamos ter autarquias locais no próximo ano, reconsideraram e vamos ter prioridade o combate à fome, o combate à extrema pobreza, vamos deixar de retalhar o país à tesourada, isto seria bom para nós todos", rematou.