A FPU “tem acompanhado a degradação da situação do país com a pobreza cada vez mais a atingir milhões de angolanos, isto porque cada vez mais estamos com custo de vida elevadíssimo e, então, achamos que devemos reagir a esta situação”, disse à Lusa o coordenador adjunto da plataforma, Filomeno Vieira Lopes.
A denominada marcha “por uma Angola livre da fome, pobreza e violação sistemática do Estado democrático de direito” está agendada para Luanda e deve também protestar contra a nova divisão administrativa do país e pela “libertação dos presos políticos”.
Para Filomeno Viera Lopes, a atual situação do país prevalece crítica por se estar perante um “Estado autocrático, que determina regras que não permitem aproveitar o potencial dos angolanos e com um nível de corrupção extremamente elevado”.
“É preciso mexer nas estruturas deste Estado autocrático para podermos ter alguma esperança, para travar esta má gestão que existe no país, esta propensão altíssima para a corrupção que está a retirar capacidade da governação, de fazer uma política económica de acordo com os interesses populares”, apontou.
Segundo o presidente do Bloco Democrático (BD), que juntamente com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) e o PRA JA Servir Angola formam a FPU, a marcha vai também contrariar a divisão administrativa do país, “que surge apenas para evitar as eleições autárquicas”.
Viera Lopes apontou a necessidade de se fazer um amplo movimento para que as eleições autárquicas aconteçam em 2025 e de criar órgãos independentes para a gestão dos processos eleitorais no país.
O presidente do BD considerou que os processos eleitorais em Angola “são muito duvidosos”, porque, no seu entender, o partido no poder (MPLA) “comanda as estruturas que organizam as eleições, nomeadamente a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Constitucional”.
“É consenso que devemos ter estes órgãos com caráter independente para evitarmos que haja fraudes, que conduzem a situações dramáticas, daí que vamos tocar para que estes órgãos sejam alterados para proteger a verdade eleitoral”, salientou.
Marchar pela libertação dos considerados “presos políticos”, nomeadamente os ativistas Adolfo Campos, Hermenegildo José “Gildo das Ruas”, Gilson Moreira “Taneice Neutro” e Abraão dos Santos “Pensador” constitui também um dos propósitos desta manifestação.
“A fome continua a afetar milhares de angolanos e todos estão convocados para esta manifestação, porque não há uma política económica que alivie o desempenho dos empresários e até das 'zungueiras'”, concluiu Filomeno Vieira Lopes, dando nota que as autoridades administrativas já foram informadas sobre a marcha.
A marcha, cuja concentração deve acontecer a partir das 09:00 de sábado no Largo do Cemitério da Santa Ana, deve percorrer algumas ruas da capital angolana.