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UNITA diz que anúncio de condecorações pelo Presidente da República foi gesto forçado

Post by: 22 Outubro, 2025
UNITA diz que anúncio de condecorações pelo Presidente da República foi gesto forçado

O partido considera o gesto do Presidente João Lourenço uma cedência tardia à pressão social e defende que o reconhecimento dos líderes da independência deve ser um ato sincero de reconciliação.

A UNITA considera que a atribuição de condecorações a Jonas Savimbi e Holden Roberto, anunciada na semana passada pelo Presidente da República, foi um gesto forçado e deixa a cada militante a opção de aceitar ou não as distinções.

Num comunicado divulgado após a XXV Reunião Extraordinária do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, destaca-se que a anunciada condecoração dos signatários dos Acordos de Alvor — nomeadamente Álvaro Holden Roberto, António Agostinho Neto e Jonas Malheiro Savimbi — foi um dos temas debatidos no encontro que decorreu na segunda-feira sob orientação do presidente do partido, Adalberto Costa Júnior.

O anúncio foi feito pelo Presidente da República, João Lourenço, na semana passada, durante a abertura do ano parlamentar, quando disse que os signatários dos Acordos de Alvor iriam ser agraciados com a Medalha de Honra Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional, uma “evolução” que a UNITA diz ser “positiva”, embora considere que se trata de um “gesto forçado”.

A UNITA recorda que os deputados do MPLA rejeitaram anteriormente propostas que visavam reconhecer o papel histórico dos líderes da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), “enquanto protagonistas determinantes da luta pela libertação nacional que permitiu a fundação do Estado angolano”, sublinhando que os angolanos devem ajuizar “a nobreza do gesto presidencial”.

“Para a UNITA, o anúncio constitui um gesto forçado, como ficou patente na própria comoção, visivelmente exteriorizada pelo chefe de Estado, detido entre o dever moral de anunciar e a resistência política do partido-Estado, que há décadas nega a história verdadeira de Angola, assente na pluralidade dos seus atores”, refere-se no comunicado.

O partido acrescenta que o Presidente da República cedeu, “embora tardiamente”, à pressão “das igrejas, de variados atores da sociedade civil e da própria UNITA”, “repondo a verdade histórica de que a Independência de Angola foi uma conquista coletiva e plural, fruto do sacrifício de todos os seus filhos, independentemente das filiações partidárias”.

A Comissão Política da UNITA salienta que “a reconciliação nacional não se decreta, constrói-se com gestos sinceros” e que “a verdade histórica não deve ser manipulada ao sabor das conveniências político-partidárias do momento”.

Para a UNITA, as figuras de Álvaro Holden Roberto e de Jonas Malheiro Savimbi constituem, por mérito próprio, “património comum da Nação, e o seu reconhecimento não é favor nem mera concessão pela via do perdão, mas um imperativo de justiça e de verdade histórica, sem os quais toda a reconciliação redunda numa farsa”.

O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA acrescenta ainda que fica ao critério de cada membro do partido que for incluído nas próximas listas de condecorações a prerrogativa de aceitar ou não a outorga.

No âmbito das condecorações, já foram incluídos nas listas vários membros da UNITA, como Alcides Sakala e Adalberto Costa Júnior, que, no entanto, rejeitaram a distinção.

A próxima cerimónia, a sétima, inclui também nomes de deputados da UNITA como Navita Ngolo e Mihaela Webba.

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