Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a Sonangol nega que tenha suspendido, em qualquer altura, o fornecimento àquela cimenteira, na província do Cuanza Sul, sublinhando que "não houve nenhuma decisão" para se parar com o abastecimento a "qualquer outra fábrica de cimento a operar em Angola".
"O que acontece, especificamente, em relação à FCKS, é que esta empresa não dispõe de infraestruturas próprias de armazenamento, para receber e fazer logística de distribuição do 'Fuel Oil'", refere a nota.
Na quinta-feira, cerca de 900 trabalhadores daquela fábrica foram dispensados devido à paralisação dos trabalhos naquela unidade fabril, por falta de fornecimento de combustível.
A administração da fábrica fez saber que a situação afeta ainda 700 postos de trabalho indiretos, sendo que a única atividade que será mantida, visa a conclusão da venda de um 'stock' de 13 mil toneladas de cimento, por parte do departamento comercial.
Já a Sonangol, empresa pública liderada por Isabel dos Santos, sublinhou que esta situação coloca em risco a chegada de combustível à zona da fábrica, comprometendo todo o processo produtivo, nomeadamente a produção do clínquer, matéria-prima para o fabrico do cimento.
A petrolífera angolana informa que para ajudar a minimizar as dificuldades causadas por esta debilidade em infraestruturas, pôr à disposição da fábrica, em 2015, um terreno junto à Refinaria de Luanda, para que fossem instalados tanques de receção de 'fuel oil', mas até à data a FCKS nada fez neste sentido.
Em outros encontros entre as empresas, com o objetivo de ver ultrapassada a situação, a Sonangol diz ter mostrado total disponibilidade de acesso dos camiões de combustíveis da FCKS à refinaria de Luanda, durante a noite, para carregamento de fuel óleo, apesar do impacto que esta medida teria nas suas próprias operações.
"Desde o dia 19 de outubro, foi também disponibilizada à FCKS o uso das infraestruturas de armazenamento de 'fuel oil' pertencentes à Cimangola".
Na sua posição, a Sonangol revela que a FCKS, construída em 2010 e cuja totalidade da obra, que ascendeu o valor de 750 milhões de dólares (632,8 milhões de euros), foi toda financiada pela petrolífera angolana, valor que se encontra "totalmente em dívida", acrescido ainda de juros, no valor de 54 milhões de dólares (45,9 milhões de euros), que não foi reembolsada, até a data, nenhuma das prestações já vencidas.
"É aliás do conhecimento público que, desde 2014 e até 2017, a FCKS teve várias paragens de produção, relacionadas com diferentes motivos não ligados ao abastecimento de 'fuel oil'. A cimenteira funciona ainda com gasóleo como fonte alternativa, e já se encontrava, em 2016, com um número reduzido de trabalhadores e produções muito abaixo da sua capacidade", lê-se no comunicado.