"Tem de ser para educação 20% do OGE e 8 a 10% do PIB, direcionado à educação, assim formar os professores teremos educação de qualidade com professores bem formados, devidamente preparados e motivados", disse.
O posicionamento do presidente do Sinprof foi hoje manifestado, em Luanda, durante uma conferência de imprensa, onde o sindicato anunciou a suspensão da greve dos professores, que teve início a 25 de abril, mas prevendo nova paralisação em junho, caso não se resolvam as reivindicações da classe docente.
Para Guilherme Silva, os professores angolanos continuam a ser "desvalorizados e vilipendiados, sob o olhar sereno dos deputados", que no parlamento a sua função "é só levantar a mão e garantir o bolo deles".
"Não cumpriram com o papel de deputado, porque seriam os deputados a verem a fatia de dotação para educação, não é 7% e 8% do orçamento, que vai guindar o país para o desenvolvimento. Será difícil. Se continuarmos com esse orçamento para educação, nem daqui a 100 anos sairemos da posição em que nos encontramos", desabafou.
Atualização de categorias, reajuste dos salários, subsídios ainda negados aos professores, passagem à efetividade de milhares de docentes e a melhoria das condições de trabalho são as principais reivindicações que os professores dizem aguardar por soluções desde 2013, pontos "que agora fazem parte de um cronograma de ações" que o Sinprof espera ver resolvido até finais de junho.
O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.
A segunda fase da greve dos professores angolanos foi convocada para o período de 25 de abril a 05 de maio, mas agora está suspensa quatro dias depois da paralisação, pelo que os professores devem retomar as aulas a 02 de maio, no quadro das negociações que decorrem com a entidade patronal.
O presidente do Sinprof questionou mesmo o destino do remanescente do preço do barril de petróleo desde 2013, sublinhando que "faltou vontade política" para resolver atempadamente as reivindicações da classe docente.
"Faltou sim esta vontade política da parte de quem governa. Agora tivemos uma conversa aberta e notamos neste momento que há interesse do Governo em resolver as questões dos professores, porque o momento desaconselha a ter braço de ferro com os professores", salientou Guilherme Silva.
"Se chegámos até onde chegámos com a greve, tem um culpado e o culpado a sociedade sabe quem é. Quem não resolveu a situação dos professores desde 2013, quando o barril do petróleo estava a 140 dólares, quem? Onde está o remanescente de um tempo com folga que o executivo andou a gritar no exterior, onde está o remanescente?", questionou.