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Isabel dos Santos diz que recebeu Sonangol com um serviço da dívida "incomportável"

Post by: 29 Novembro, 2017

A empresária angolana Isabel dos Santos afirma que, quando assumiu a liderança da Sonangol, a petrolífera tinha um serviço da dívida "incomportável", com pagamentos de 7.000 milhões de dólares (5.900 milhões de euros) a desembolsar em 2016 e 2017.

A situação, explica a filha do anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, num direito de resposta ao editorial do Jornal de Angola, resultou de a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) "não ter conseguido refinanciar dívida há mais de dois anos".

Isabel dos Santos foi nomeada para o cargo de presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) por José Eduardo dos Santos em junho de 2016 e exonerada este mês pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.

A gestão da empresária na Sonangol foi visada no primeiro editorial assinado pelo novo diretor do Jornal de Angola, Victor Silva, publicado a 19 de novembro, pouco depois de ter sido empossado pelo chefe de Estado, João Lourenço, como presidente do conselho de administração da empresa "Edições novembro", que publica aquele diário estatal.

No direito de resposta que divulgou hoje - que segundo a empresária não foi publicado pelo Jornal de Angola, que alegou exceder, em tamanho, o artigo que lhe deu origem e factos não visados no mesmo -, Isabel dos Santos acrescenta que, no final de 2015, a Sonangol tinha uma dívida total aos bancos de 14.000 milhões de dólares (11,8 mil milhões de euros).

"A situação com que o conselho de administração que liderei se defrontou em junho de 2016 era de extrema gravidade e de rutura financeira", salienta, recordando que só naquele ano a petrolífera tinha de pagar uma prestação da dívida aos bancos de 3.600 milhões de dólares (3.000 milhões de euros) e de mais 3.400 milhões de dólares (2.865 milhões de euros) em 2017.

Acrescenta que a Sonangol não pagava aos fornecedores de combustíveis (gasóleo e gasolina são refinados no exterior do país) "desde o início de 2015", acumulando uma dívida em combustíveis refinados de 1.600 milhões de dólares (1.348 milhões de euros), estando ainda "em incumprimento" relativamente ao pagamento dos 'cash calls', correspondente a pedidos de fundos das petrolíferas associadas num mesmo bloco para realizarem investimentos nos campos.

Em contrapartida, a empresária, que volta desta forma a explicar-se publicamente sobre a sua gestão de 17 meses na Sonangol, garante que fechou um acordo de restruturação de várias linhas de financiamento bancárias de "maturidade excessivamente curtas", com prazos de um a três anos, "reduzindo substancialmente o serviço da dívida, e permitindo alargar os prazos de maturidades".

Após a "reestruturação financeira", a dívida bancária diminuiu para 7.000 milhões dólares (5.900 milhões de euros) em junho de 2017, refere, e o serviço da dívida desceu para 2,6 mil milhões de dólares (2.191 milhões de euros) em 2017 e de 1,4 mil milhões de dólares (1.180 milhões de euros) em 2018.

De acordo com a explicação de Isabel dos Santos, em janeiro deste ano a Sonangol concretizou a abertura de uma linha de financiamento de 500 milhões de dólares [421 milhões de euros] com o Afreximbank e com o Standard Chartered Bank.

Além disso, após uma reunião em Londres, a 09 de novembro último, com 23 bancos internacionais ficou acordado "e em fase final de assinatura" a "estruturação de três novas linhas de financiamento, que marcam "o grande regresso da Sonangol aos mercados financeiros internacionais", a ser concretizadas até final de 2017 e com maturidades de cinco e sete anos.

A primeira linha de financiamento, de 650 milhões de dólares, é garantida pelos bancos Standard Chartered, Societé Generale, Natixis e Intesa, a segunda, de 1.200 milhões de dólares, pelo ICBC, China Minsheng e Standard Bank, e a terceira, de 450 milhões de dólares, pela Societé Generale, Natixis e ICBC Standard.

"Estas linhas estavam em negociação desde inícios de 2017, tendo o processo negocial e a crescente confiança dos bancos internacionais na recuperação da Empresa permitido descidas substanciais de taxa de juro e melhoria de maturidades", garante Isabel dos Santos.

A nova administração da Sonangol, liderada por Carlos Saturnino, ainda não se pronunciou publicamente sobre este financiamento, nomeadamente se avança nos moldes previstos.

Já Isabel dos Santos, reagindo a acusações de "agravamento da dívida" da Sonangol, explica que, no total - incluindo dívida bancária, 'cash calls' em atraso à petrolíferos internacionais e saldos em atraso a fornecedores de combustíveis importados -, aquando da sua tomada de posse, ascendia a 16.000 milhões de dólares.

Valor que, garante, no final de 2017 deverá cair para menos de 8.000 milhões (6.750 euros).

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