A informação, relativa a um atentado ocorrido naquele enclave angolano a 08 de janeiro de 2010 e que então provocou dois mortos, foi divulgada hoje pela embaixada de Angola em Paris. O incidente aconteceu à entrada naquele território e envolveu disparos de metralhadora ao autocarro da comitiva togolesa.
A FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.
A informação da embaixada angolana acrescenta que o julgamento de André Rodrigues Mingas, natural de Cabinda e com nacionalidade francesa - à data autointitulado Chefe do Estado-Maior da FLEC Posição Militar (PM) -, está a ser acompanhado, na 16.ª Câmara Correcional do Tribunal de Grande Instância de Paris, pelo vice-procurador-geral da República de Angola, Domingos André Baxe, e pelo embaixador de Angola em França, Miguel da Costa.
No documento não é pormenorizada a acusação que recai sobre André Rodrigues Mingas, que a partir de França, onde reside, terá reivindicado para a FLEC a autoria deste ataque.
O atentando ocorreu naquele enclave durante a Taça das Nações Africanas em futebol, provocando então a morte a dois togoleses, além de 13 feridos, incluindo elementos da polícia angolana que escoltavam a caravana da seleção do Togo.
Entre 2011 e 2012, Rodrigues Mingas esteve detido em França, cerca de um ano, à conta desta investigação, mas as autoridades francesas libertaram-no por falta de elementos que justificassem a continuação da detenção, indicou na altura a sua advogada, Solenn le Tutour.
Na nota da embaixada é referido ainda que o antigo guarda-redes da seleção do Togo, Kodjovi Dodji Obilalé, gravemente ferido durante o ataque, testemunhou em tribunal.
Em fevereiro de 2016, e após um longo período de acalmia, a FLEC anunciou a retoma da "via militar" até à disponibilidade "séria e concreta" do Governo angolano para o diálogo sobre a autonomia de Cabinda.
Deste então, o braço armado da FLEC, as Forças Armadas Cabindesas (FAC) já reclamaram a autoria de dezenas de vítimas mortais entre elementos das Forças Armadas Angolanas.
LUSA