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PGR angolano manda processar novamente os “revús”

06 Mai, 2017

Cinco activistas angolanos, pertencentes ao grupo conhecido por “revús”, que no ano passado foram condenados por alegadamente prepararem um golpe de Estado contra o Governo do MPLA, e absolvidos por uma amnistia presidencial, enfrentam um novo processo por “ultraje e danos ao património do Estado”.

Afonso Matias “Mbanza Hamza”, Benedito Jeremias “Dito Dali”, Hitler Jessy Chiconde “Samussuku”, Luaty Beirão e Nuno Álvaro Dala são agora acusados pelo Ministério Público de crimes de ultraje e danos ao património do Estado que não foram cobertos pela amnistia.

Novo processo contra revús é tentativa de distracção da opinião pública – Activistas Nuno Dala

A Procuradoria-Geral da República Angolana justifica a decisão com o facto dos activistas terem escrito frases de engajamento nas suas t-shirts ou camisas do uniforme prisional (durante o período em que estiveram presos) e, por outro lado, por terem alegadamente destruído portas, janelas e paredes das celas.

Em entrevista a Rádio Morabeza de Cabo Verde, Nuno Dala, em representação dos activistas, afirma que o processo está a decorrer nos trâmites normais e sublinha que o grupo encara o processo como “uma tentativa de distracção da opinião pública” por parte do governo de José Eduardo dos Santos.

“Posso afirmar, com certeza absoluta, que esse processo surge numa altura pré-eleitoral com o objectivo de distrair, por um lado, a opinião pública, para que ela preste mais atenção a um processo movido contra os activistas, que são conhecidos tanto em Angola como no exterior".

De acordo com Nuno Dala, as justificações da procuradoria para abertura do processo não convencem.

 “ Uma PGR que todos os dias recebe provas tangíveis, internas e externas, de como os governantes em Angola de facto vivem da roubalheira, de casos de corrupção  em Angola, Portugal, Brasil e não faz nada, preocupa-se com frases escritas em t-shirts e alegadas frases escritas nas paredes das celas”.

Questionado sobre se acha que o processo poderá ser uma retaliação do regime, Dala assegura que “o grupo sabe que não terá a vida facilitada".

 “E eu tenho dito que nós só não fomos assassinados durante o processo [15+2], por envenenamento ou por outras vias, porque a pressão nacional e internacional era tal que sairia demasiado caro se o regime nos matasse”.

 Segundo o activista angolano, os "revus" ainda não receberam nenhuma notificação formal da acusação e apenas foram informados do processo por telefone.

 Os 17 activistas angolanos foram presos em Junho de 2015 por alegadamente estarem a preparar um golpe de Estado contra o Governo. Em Março de 2016, foram condenados a penas que variavam entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efectiva. Entretanto, foram beneficiados pela lei da amnistia, aprovada em Julho de 2016, que cobria crimes praticados até 11 de Novembro de 2015.

A acusação da Procuradoria-Geral da República refere-se ao início do julgamento, realizado a 16 de Novembro de 2015. Na altura, cinco activistas apresentaram-se no tribunal com inscrições nas t-shirts dos Serviços Penitenciários. Lia-se “nenhuma ditadura impedirá o avanço de uma sociedade para sempre”, “este país envergonha-me para o mundo” e “in dubio pro reo”.

Expresso das Ilhas

Last modified on Terça, 30 Mai 2017 19:07
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