"O que acontece é que o número de alunos que termina o ciclo primário não encontra vaga no ensino secundário, quer os que entram para a 7.ª classe, bem como os que entram para a 10.ª classe, segundo ciclo", começou por afirmar hoje à Lusa o presidente do Sinprof, Guilherme Silva.
Falando no quadro da preparação do ano letivo 2018, que no ensino geral arranca no início de fevereiro, e numa altura em que decorre a fase de inscrições e matrículas perante as constantes denúncias públicas de alunos sem vagas nas escolas, o sindicalista defendeu a necessidade de "desafogar" as salas de aulas.
A solução "é a construção de mais salas de aula, desafogar também o excesso de alunos por salas, porque há escolas que temos salas com 70 alunos e desta maneira estaremos longe da qualidade de ensino que se almeja", observou.
Só na província de Luanda, a estimativa oficial aponta para 100.000 crianças sem vaga nas escolas públicas, por falta de sala ou de professores.
Para Guilherme Silva, face às dificuldades económicas e financeiras em Angola, o país está "numa encruzilhada" para ver resolvidos os vários problemas na área da educação.
"Não temos como porque o país neste momento tem dificuldades e associado a essas dificuldades tivemos num passado recente uma gestão danosa, e estamos nesta encruzilhada", sublinhou.
Com inscrições e matrículas em curso, e ainda a exiguidade de vagas nos estabelecimentos de ensino, o presidente do Sindicato dos Professores Angolanos exorta os filiados a "não estarem expostos à tentação da gasosa" (pequena corrupção).
"Porque quando os lugares são escassos a pressão é maior e as pessoas ficam expostas a tentações. Aconselhamos os colegas a evitarem a exposição a tentações que ocorrem geralmente neste período, aquilo que tem a ver com venda de vagas ou a receção de material", admitiu.
Guilherme Silva fez saber ainda que o Ministério da Educação agendou para dia 22 de janeiro um encontro nacional para se aferir a prontidão do arranque do presente ano letivo, acrescentando que o sindicato constatou já um défice de carteiras e de manuais para os alunos.
"Do nosso lado, estamos prontos para o trabalho mas pelo que vemos continuaremos a trabalhar em condições de indigência com salas de aula com excesso de alunos e falta de condições laborais e técnicas", atirou.
O ano letivo 2018 em Angola arranca na primeira semana de fevereiro e deve estender-se até 15 de dezembro, envolvendo cerca de 10 milhões de estudantes no ensino geral.