Na matéria em causa Rafael Marques denunciou o envolvimento de João Maria de Sousa numa negociata em torno de um terreno de três hectares na província do Cuanza Sul, que se destinaria à construção de um projecto residencial. A matéria foi posteriormente retomada pelo jornal “O Crime”, do jornalista Mariano Brás, que acabou envolvido no mesmo processo com Rafael Marques, ambos acusados de injúria e difamação a João Maria de Sousa.
“A 6ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, no Palácio Dona Ana Joaquina, deu-nos a conhecer que o julgamento foi adiado sem data a pedido dos representantes do antigo procurador Geral da República, João Maria de Sousa”, contou Mariano Brás.
Apesar do adiamento, Mariano Brás espera que haja justiça, particularmente por se estar a falar do antigo procurador-geral da República, e crê que ele e Rafael Marques serão absolvidos, pois as provas são irrefutáveis.
Brás considera ainda que em condições normais não seria arguido pelo facto de retomar uma matéria. “O que se pretende é um aviso a Rafael, para ter cuidado com o que escreve, e comigo, para não andar a retomar matérias alheias”, conjecturou, sarcástico.
O jornalista diz ser a segunda vez que se vê indiciado em processos semelhantes e desconfia que seja uma perseguição contra o jornal “O Crime”, pois não foi o único semanário a retomar o assunto.
Recorda, entretanto, outros processos judiciais intimidatórios contra o seu jornal, entre os quais um em que o queixoso é o antigo ministro da Comunicação Social, Luís de Mato, por ter publicado uma entrevista em que o político Makuta Nkondo qualifica “o ex-Presidente da República de gatuno”.
“É importante dizer que toda esta perseguição começou, quando recusei o pedido do Luís de Matos para não avançar com o jornal ‘O Crime’, alegando o governante na altura que o país não estava preparado para um projecto do género”, remata Mariano Brás. CA