"É ainda importante e imperioso neste campo desafiar os políticos dos próprios vícios históricos metendo-se num caminho da realização sem qualquer outro interesse daquilo que é o bem e o desenvolvimento das nossas populações", sustentou hoje o presidente da CEAST, Filomeno Vieira Dias.
O também arcebispo de Luanda discursava hoje na província angolana do Namibe, durante a cerimónia de abertura da primeira assembleia plenária anual dos bispos da CEAST, tendo sublinhado que Angola vive "um momento particular de grandes expectativas, muita esperança e sinais de diálogo permanente".
"Sente-se, respira-se, toca-se com os dedos o desejo popular de mudança. Há sinais de querer-se ouvir e dialogar mais com todos e de pensar-se a nação a várias vozes e a várias tonalidades", observou, questionando igualmente quantos estão na política para "cuidar e servir".
Por isso, assinalou, "nesses tempos com muitos rostos visíveis novos e credíveis na política é importante perguntar a quantos estão neste campo do cuidar, do vigiar, do conduzir a coisa pública, perguntar de forma clara quais são as suas próprias intenções".
"Tendo em conta que o povo quer que a política e o político tenha de facto, sem retórica, no fazer e no pensar quotidiano o bem-estar da população como seu objetivo e centro da sua ação. As pessoas querem que a política deixe de ser uma via indigna para o enriquecimento pessoal", adiantou.
Para Filomeno Vieira Dias, todos os esforços que se têm realizado "pouco servem as necessárias leis se as consciências continuam a respirar uma cultura que exalta o sucesso e o enriquecimento fácil, em vez da honra e do dever cumprido".
Na abertura desta primeira assembleia anual, que também marca o jubileu dos 50 anos da CEAST, o arcebispo católico fez saber que durante o encontro os bispos vão efetivar o projeto de reflorestação para travar a desertificação naquela província no sul de Angola, onde existe o deserto do Namibe, considerado o mais antigo do mundo.
"Sabemos que a questão ecológica é de grande atualidade sobretudo nas nossas terras, e o que pretendemos fazer é durante esses dias dar início a um projeto de reflorestação e um esforço para travar a desertificação aqui neste ponto do Namibe onde temos de facto esta realidade diante de nós", rematou.