Em declarações hoje à agência Lusa, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, referiu que o Governo angolano está preocupado com o conflito que se regista no país vizinho, que tem causado o aumento da vaga de refugiados no leste angolano, na província da Lunda Norte.
"Neste momento os refugiados aumentam, agora temos 30.000 refugiados, a semana passada só tínhamos 25.000 A nossa preocupação é que era bom que o Governo do [República Democrática do] Congo conseguisse conter os efeitos que fazem com que as pessoas fujam de lá", disse.
Em causa estão conflitos étnico-políticos no Kasai e Kasai Central, na RDCongo, que desde meados de 2016, já provocaram, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), um milhão de deslocados.
O chefe da diplomacia angolana avançou que endereçou já um convite ao seu homólogo da RDCongo, para se deslocar nos próximos dias a Angola e visitar a zona fronteiriça.
"O que as pessoas dizem não nos parece coerente. De princípio, o Governo devia ter um melhor controlo dessas províncias (em conflito) e fazer com que essas agressões, que estão a ocorrer, de catanas, pessoas que vêm feridas, pudessem cessar", salientou.
Georges Chikoti, que falava à margem do encontro dos Secretários-gerais dos Antigos Movimentos de Libertação da África Austral, que hoje decorre em Luanda, onde prestou esclarecimentos sobre a situação na RDCongo, reiterou a preocupação de Angola com a fuga de refugiados para o território angolano.
"Essas populações estão a fugir para o território angolano e nós estamos preocupados, porque o número está a crescer, o que quer dizer que o conflito lá continua", disse.
"Mas o Governo da RDCongo não nos está a dar esse tipo de informações, eu convidei o meu colega da RDCongo para visitar Angola nesses próximos dias, para podermos ir juntos constatar a realidade da situação na zona fronteiriça", acrescentou.
Segundo o chefe da diplomacia angolana, neste momento a comissão interministerial angolana, chefiada pelo ministro da Assistência e Reinserção Social de Angola, Gonçalves Muanduma, está na RDCongo a abordar a situação com as autoridades congolesas.
"Porque nós já mobilizamos muito dinheiro e estamos ainda a transportar essas populações para o ponto onde elas vão ficar, mas era necessário que o conflito lá terminasse, o conflito lá parece que continua", insistiu.
Até ao momento, o Governo angolano refere já ter gasto mais de 1,3 milhões de euros neste processo, anteriores ao novo orçamento de 3,2 milhões de euros.
"Na primeira semana gastamos 300 mil dólares, depois na segunda 710 mil dólares, depois gastamos 72 milhões de kwanzas [388 mil euros dólares] e só depois é que aprovamos o orçamento de 599 milhões de kwanzas [3,2 milhões]", avançou o governante angolano.
Na semana passada, o Governo angolano lançou um veemente à RDC e a todas as forças políticas desse país, para cessarem "imediatamente a violência e a prática de atos de extremismo e de intolerância política".
Angola exortou ainda o Governo congolês a enveredar "pela via do diálogo sério e construtivo, que propicie o retorno da paz e da estabilidade ao país", realçando a sua grande "preocupação" com a situação vigente na vizinha RDCongo.
"Esta situação tem vindo a provocar uma entrada maciça de refugiados em território angolano, exigindo do Governo um esforço suplementar em termos financeiros, logísticos, de segurança e ordem pública, por forma a acudir às necessidades humanitárias mais prementes das pessoas referidas, cujo número não para de aumentar", referia o comunicado.
LUSA