Numa declaração de greve a que a agência Lusa teve hoje acesso, a comissão sindical refere que a decisão foi tomada, em assembleia de trabalhadores, realizada no passado dia 21, abrangendo funcionários das áreas técnica, administrativa e financeira e comercial.
O caderno reivindicativo foi entregue a 15 de janeiro, e de novo a 09 de março, tendo resultado numa reunião entre a direção da empresa e a comissão sindical, nos dias 18, 19 e 20 de abril, para ampla discussão das questões apresentadas pela parte reivindicadora, "porém não encontraram as soluções esperadas pelos trabalhadores".
Nesse sentido, a comissão sindical tornou pública hoje a declaração de greve, que determina a "paralisação total dos serviços, nas horas úteis e normais de trabalho em todas as áreas da empresa, concretamente no dia 07 de maio, no horário das 08:00 às 17:00 por tempo indeterminado".
"O período de paralisação atrás referido poderá ser prolongado ou retomado de forma alternada, para igual período nos dias posteriores, dependendo do resultado das negociações", sublinha a declaração.
A Lusa tentou contactar a direção da empresa, mas sem sucesso.
Constam do caderno de reivindicações sobretudo um pedido de "dignidade aos funcionários, acabando com as assimetrias salariais no seio dos trabalhadores", mas igualmente a "reavaliação e reenquadramento do pessoal na nova tabela salarial, segundo as categorias ostentadas por estes até novembro de 2016".
Outras reivindicações são aumentos salariais na ordem dos 75%, progressão de carreira, reajuste do ‘plafond’ de saúde, das ajudas de custos, formação e o montante do prémio de avaliação de desempenho.
Durante o período de paralisação, a segurança e manutenção de equipamentos e instalações será assegurado pelos funcionários em regime de piquetes de greve.
Em declarações à Lusa, o primeiro secretário e porta-voz da comissão sindical, Costa Santos, disse que a Movicel possui 856 trabalhadores, com uma adesão, à convocatória, acima dos 70%.
O sindicalista denunciou que a direção alegadamente está a coagir os funcionários a não aderirem à greve, com ameaças de despedimento na ordem das 300 pessoas.
"Eles estão a usar as listas das pessoas que subscreveram a declaração de greve, para intimidá-los a não aderirem à greve", disse.
Segundo Costa Santos, desde 2010 que a empresa não realiza qualquer reajuste salarial, salientando que a entidade patronal não assume nenhum dos pontos reivindicados, alegando que não é possível nesta altura o aumento salarial, devido à a situação financeira da empresa.
"Mas nós assistimos à contratação ou subcontratação de empresas prestadoras de serviços, que não dão nenhum valor acrescido ao negócio e muitas delas até substituíram empresas que já funcionavam e com um contrato em kwanzas a baixo custo, mas hoje assistimos empresas a prestaram maus serviços com custos ao dobro das empresas substituídas", queixou-se.
Costa Santos referiu que os trabalhadores estão abertos à negociação e caso a direção da empresa contacte para renegociação dos pontos, há abertura total dos funcionários.
"Mas se continuarem fechados como estão até agora, acredito que no dia 07 estaremos em greve", disse.