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Comandante da polícia angolana admite “burlas, falsificações e extorsões” de agentes na corporação

Post by: 26 Outubro, 2018

O comandante-geral da Polícia angolana, Paulo de Almeida, admitiu hoje que vários agentes policiais praticam "burlas, falsificações e extorsões a cidadãos", prometendo combater as "batatas podres" no seio da corporação.

Segundo Paulo de Almeida, que falava hoje durante uma formatura dos efetivos da corporação no âmbito da "Operação Resgate", pelo menos um efetivo da polícia angolana, em média, e "a coberto da farda", envolve-se diariamente em ações criminais.

Paulo de Almeida lembrou que a operação policial, que começa em novembro e que irá estender-se a todo o país, visa essencialmente o "resgate do civismo, da ordem, da conduta sã e da dignidade", pelo que "a ordem deve começar no seio da polícia", reconhecendo que vários agentes praticam "burlas, falsificações e extorsões a cidadãos".

Discursando perante milhares de efetivos da polícia angolana, em cerimónia que teve lugar no Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais de Angola, em Luanda, e sem especificar números, Paulo de Almeida manifestou-se "preocupado" com número de agentes da polícia envolvidos no crime.

"Estou preocupado com o número de polícias envolvidos em ações criminais. Todas as semanas, para não dizer dias, registamos a participação de um ou outro agente da polícia envolvido em ações criminais. Isso tira-nos a autoridade", lamentou.

"Retira a nossa capacidade, frustra a nossa ação. Quero aqui dizer que, em representação de toda a polícia do país, temos de combater essas batatas podres no nosso seio", adiantou Paulo de Almeida.

O comissário-geral da polícia angolana assegurou mesmo a necessidade de "neutralizar agentes que, a coberto da farda, cometem diariamente crimes diversos", apelando à "vigilância" aos agentes da polícia e à sociedade para que "denunciem essas práticas".

A "Operação Resgate", segundo as autoridades, visa "repor a autoridade do Estado, combater o crime, a imigração ilegal, transgressões administrativas e demais práticas antissociais" e terá caráter "repressivo e pedagógico".

Para Paulo de Almeida, se a Polícia Nacional tenciona impor a ordem, no âmbito desta operação, é necessário, inicialmente, que os efetivos da corporação que tutela "sejam ordeiros e disciplinados para que a operação decorra sem máculas".

"Não queremos realizar uma operação com essas manchas no nosso seio. É preciso que cada um seja o vigilante do outro, é preciso que cada um identifique e denuncie aqueles que estão com comportamentos marginais no nosso seio. É preciso ganhar e resgatar a confiança da população à polícia nacional", exortou o oficial superior.

Durante a sua intervenção, sob olhar atento dos efetivos, o comandante geral da polícia de Angola disse que há elementos da corporação que se dedicam à "burla e à falsificação", considerando que os "batuqueiros e penteadores" serão "banidos da corporação".

"Não é a extorsão ou o crime, que vos vai (efetivos da polícia) dar glórias ou oportunidades. As grandes glórias vão sair do vosso empenho e desempenho", realçou.

Ciente das dificuldades que a polícia angolana ainda enfrenta, como a carência de "infraestruturas, de meios de locomoção e dificuldades técnicas e logísticas", Paulo de Almeida admitiu que as dificuldades "não serão superáveis a curto prazo".

"Mas a nossa firmeza e determinação vai fazer com que nós ultrapassemos isto. Sem esforço não haverá êxitos na nossa missão", assegurou.

A "ampla operação", acrescentou, vai envolver toda a sociedade, órgãos judiciais, de segurança, da administração pública e todos efetivos da polícia nacional.

"Se queremos um país próspero, se queremos desenvolver o país, temos de ter segurança e quem garante a segurança somos nós", rematou.

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