A advogada, em estado de gestação de dois meses, foi assassinada com um golpe na cabeça, tendo tido morte imediata e em seguida introduzida na fossa da residência onde o casal vivia.
O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da representação provincial do Serviço de Investigação Criminal (SIC), intendente Fernando de Carvalho, disse hoje, quarta-feira, à Angop, que o acusado de 28 anos de idade confessou o crime, que terá sido cometido por razões passionais
Segundo o oficial do SIC, numa primeira fase, descarta-se a participação de outras pessoas na execução do crime.
“ Uma das nossas equipas operacionais realizou várias diligências no sentido de a localizar, tendo em conta que as informações preliminares davam conta que os familiares haviam perdido o contacto com ela assim que saiu de casa para o serviço”, sublinhou.
Acrescentou que as declarações do esposo eram contraditórias, e na residência havia vestígio de sangue, detectado através de material técnico usado pelos investigadores.
Entretanto, familiares da vítima disseram que o casal, juntos a cerca de dois anos, vivia aparentemente em harmonia, mas depois o desaparecimento da advogada o esposo apresentava-se frio, prontificando-se em acompanha-los nas buscas em vários locais incluindo as morgues.
O esposo foi o último membro da família com quem a vítima terá mantido contacto antes de alegadamente se ter deslocado ao escritório de advogados localizado na Maianga.
Traços da personalidade
Ontem, a mãe da advogada disse que o marido da filha nunca deu indícios de ser “psicopata ou esquizofrénico”. Maria Armando acentuou que o genro, de 28 anos e contabilista de formação, sempre teve atitude de "um jovem bem educado".
Depois de ter feito uma pausa na conversa, a mãe da advogada disse: "Afinal, venho a saber agora que ele fez tudo para assassinar a Carolina de forma calculista e planificada”.
Dona Maria Armando lembra-se da filha como uma “jovem trabalhadora e boa dona de casa”. Além destes traços da personalidade da filha, Maria Armando disse que a advogada era “muito dedicada à igreja e que não tinha segredos a esconder ao marido, uma vez que eram amigos”.
Como prova da fidelidade ao marido, os desvios de chamada do telefone de Carolina Sousa iam para o telefone do marido, contou ao Jornal de Angola a mãe da advogada, que disse ser impossível que a filha tenha tido uma relação extra-conjugal. Maria Armando mencionou ainda que o cartão multicaixa da filha e o respectivo código andavam com o marido.
“A minha filha teve uma morte trágica e o seu corpo não está em condições para se manter mais tempo”, disse a mãe da vítima, referindo-se ao facto de o genro ter colocado lixívia na fossa, o que contribuiu para a rápida decomposição do corpo.
Carlota Cambenje, colega e amiga de Carolina da Silva, sublinhou que a advogada era uma pessoa “muito séria e dedicada ao trabalho”.
As duas saiam quase sempre juntas do local de serviço, porque Carlota Cambenje apanhava boleia oferecida ou pela colega ou pelo marido desta quando fosse buscar a mulher.
Carlota Cambenje esteve a última vez com Carolina da Silva na quarta-feira, dia em que a colega a deixou em casa, na Centralidade do Sequele.
"Nunca me passou pela cabeça que a minha colega teria esse fim trágico", salientou Carlota Cambenje, adiantando que, nas conversas que mantinha com Carolina da Silva, esta nunca deixou transparecer algum "indício de descontentamento no lar".
À hora do fecho desta edição, o Jornal de Angola soube que a advogada foi morta por espancamento um dia antes de o suspeito ter anunciado o seu desaparecimento.
A ideia inicial do suspeito era fazer um buraco no quintal, mas, como pensou que seria trabalhoso, decidiu colocar o cadáver na fossa da moradia.