Em declarações aos jornalistas, o brigadeiro José Alberto Nelson "Limuqueno", reformado compulsivamente em 2004, referiu ter tido na segunda-feira um encontro com o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) angolano, general Fernando Miala, que, disse, deu garantias de resolver o assunto.
"Recebeu-nos com carinho e fiquei admirado com o humanismo do general Miala. Abraçou-nos como amigo, como irmão e como família e indicou que iria resolver o assunto", sublinhou "Limuqueno", que assumiu ter ficado emocionado com o comportamento do chefe do SINSE.
O brigadeiro angolano garantiu que, face ao que Miala disse, os associados vão aguardar o tempo que for necessário pela resolução do problema, assegurando também que, por essa razão, abster-se-ão de efetuar qualquer ação de protesto.
A associação esteve para realizar uma marcha de protesto pacífica a 18 de janeiro último, iniciativa que "morreu à nascença", depois de uma intervenção das autoridades angolanas, que pediram para a cancelarem uma vez que, nesse dia, o Presidente angolano, João Lourenço, estava fora do país.
Em causa estão reivindicações antigas, quando os agora membros da associação, a quem foram atribuídas pensões vitalícias de um determinado valor, viram, a partir do fim de 2008, cortados alguns subsídios e aumentados os impostos por decisão superior.
Segundo o brigadeiro, os associados fazem parte dos excedentes militares que foram "compulsivamente passados à reforma" em 2004, dois anos após o fim da guerra civil angolana, após a fusão das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA, ligadas ao MPLA) e das Forças Armadas de Libertação da UNITA (FALA), e que levou à criação das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Desde então que tentam, junto de várias instituições judiciais, militares e civis, obter o reconhecimento das suas reclamações, tendo a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola lhes dado razão em 2014, sem que, porém, os subsídios e os descontos fossem repostos.
Em causa está, disse, o facto de a Caixa da Segurança Social das Forças Armadas Angolanas receber na totalidade o dinheiro destinado aos pensionistas, pagando-lhes depois com descontos, nalguns casos superiores a 50%, quando a lei diz que as pensões foram atribuídas com caráter vitalício.
Hoje, "Limuqueno" relembrou que a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas deve 49.000 milhões de kwanzas (138 milhões de euros) aos cerca de 350 associados.
Segundo o brigadeiro, no encontro de segunda-feira com Miala foi-lhe explicado que o país está em crise e que também os militares na reserva e os pensionistas "devem colaborar" no combate à corrupção em curso no país.
"Todos nós vamos ajudar o Presidente João Lourenço a combater a corrupção. Não vai haver manifestações, nem marchas, nem nada. Vamos aguardar o tempo que for necessário para que o assunto seja resolvido", concluiu.