O processo mais antigo, cuja acusação está a ser ultimada, diz respeito ao desvio de 480 milhões de euros do BES Angola. Os autos estão agora nas mãos de uma das procuradoras que assinaram a acusação contra Ricardo Salgado, no processo BES, e têm sido ouvidas diversas testemunhas que confirmam que Álvaro Sobrinho concedeu vários empréstimos a familiares e a empresas sem atividade e que esse dinheiro acabou no universo das contas bancárias que controlava.
O principal acionista individual do Sporting e dono da Holdimo está na mira das autoridades portuguesas, depois de terem sido adicionados diversos documentos que estavam noutros processos - como os casos BES e Monte Branco. E foi neste processo que agora está na fase final que Carlos Alexandre validou o arresto de bens no valor de 80 milhões de euros que foram depois devolvidos por Rui Rangel, na Relação de Lisboa.
Álvaro Sobrinho escapou da investigação Lex - a PJ ainda fez buscas ao seu escritório em Lisboa, mas não conseguiu provar que o juiz foi corrompido para lhe devolver os bens - mas não deverá safar-se dos alegados desvios no BES Angola.
Ainda segundo o CM apurou, Álvaro Sobrinho está a ser visado noutra operação. É novamente o DCIAP e o juiz Carlos Alexandre que querem também demonstrar que os 20 milhões investidos no Sporting vieram do BES Angola.
Quanto a Álvaro Sobrinho, o ex-banqueiro está agora a viver nas Maurícias e não poderá ser extraditado. Mas como já foi constituído arguido no processo poderá ser notificado, na morada de Lisboa em que na altura prestou o termo de identidade e residência.
Buraco ajudou a colapso do BES
O buraco financeiro de 5,7 mil milhões de dólares detetado no BESA, em 2013, foi determinante para as perdas do BES em Portugal e foi um dos fatores que levaram o Grupo Espírito Santo (GES) ao colapso no ano seguinte.
Tchizé dos Santos fala em perseguição
A empresária angolana Tchizé dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos e irmã de Isabel dos santos, acusou o chefe de Estado, João Lourenço, de a perseguir, ao pedir informações sobre os seus bens em Portugal, à semelhança de outros angolanos. "Já sabemos que o Presidente João Lourenço tem uma campanha de perseguição contra a minha pessoa", disse, numa mensagem enviada a jornalistas, Tchizé dos Santos, que recusa qualquer favor político na construção do seu império financeiro, que tem suporte no setor dos média e bancário.
O nome de Tchizé dos Santos consta de uma lista entregue pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Portugal às autoridades angolanas - e esta segunda-feira noticiada pelo CM - que se refere a uma lista de bens de cidadãos angolanos no país e que estão a ser investigados por Luanda.