O Governo angolano anunciou em 11 de março o levantamento da suspensão de voos diretos para Portugal, Brasil e África do Sul, que estavam interrompidos desde 16 de janeiro, devido à pandemia de covid-19, indicando que a TAP iria fazer uma frequência semanal, que poderia evoluir, de acordo com a situação epidemiológica.
Desde essa altura, a TAP só está autorizada a realizar dois voos por semana, que se têm realizado à quinta-feira (Lisboa-Luanda) e à sexta-feira (Luanda-Lisboa), mas há passageiros com bilhetes adquiridos para outros dias da semana, que acabam por ver os voos cancelados, e não têm poupado a empresa a críticas nas redes sociais.
Ana Brás ia viajar em 17 de abril (num sábado) para Lisboa e já tinha feito o teste de despiste da covid-19, exigido para o embarque, quando recebeu uma mensagem da TAP a dizer que o voo não iria realizar-se.
Logo nesse dia foi ao balcão da companhia aérea, em Luanda, para obter esclarecimentos e fazer uma reclamação.
“Disseram-me que a viagem tinha ficado esquecida em sistema”, disse à Lusa. Ana Brás tentou fazer uma reclamação através do site da TAP que lhe foi indicado, mas adiantou que só à terceira tentativa conseguiu obter um comprovativo da queixa, tendo recebido um número de referência só após ter insistido no contacto com a empresa via Facebook.
“Estou a aguardar uma resposta, enquanto não me depositarem o dinheiro na conta não vou desistir”, garantiu.
Ana Brás conseguiu ser recolocada num voo, mas apenas no que está previsto para 14 de maio, ou seja, quase um mês depois, lamentando os transtornos causados pela alteração.
“Ia apanhar o aniversario dos meus filhos e o Dia da Mãe e já não consegui. Também tinha consultas marcadas e tive de remarcar tudo”, contou.
Outra cidadã portuguesa que vai viajar de Luanda para Lisboa no próximo dia 17 de maio disse à Lusa que está preocupada com a não concretização da viagem, que está agendada para uma segunda-feira.
“A TAP diz-me que o voo está em sistema e está confirmado, mas tendo em conta as informações que tenho recebido, temo que não se realize”, afirmou a portuguesa, que trabalha também em Luanda, e pediu para não ser identificada.
A mesma fonte adiantou que questionou a TAP para saber se a transportadora se responsabiliza pelo reembolso da despesa do teste RT-PCR, caso o voo não se concretize: “responderam-me que não conseguiam garantir isso, mas poderia fazer uma reclamação depois”.
Segundo disse, marcou inicialmente a sua viagem para o dia 02 de julho, mas alterou a passagem para 28 de maio e depois para 21 de maio, pagando mais de 500 euros pela alteração, por questões de saúde.
“Entretanto como alteraram o horário do voo de dia 21 de maio, antecipei para dia 17 não sem antes questionar se tinham a certeza de que esse voo existia, face às informações de que dispunha e continuaram a dizer-me que o voo existe”, adiantou, dizendo que tentou alterar a data da viagem novamente para dia 28 (sexta-feira), uma vez que para dia 21 já não há lugares, mas a TAP exige mais um pagamento de 692,89 euros.
“Não sei o que hei de fazer”, desabafou.
A Lusa contactou a TAP em Lisboa, mas até ao momento não obteve resposta.