IURD Angola diz que embaixada do Brasil acompanha deportação de bispos brasileiros

Post by: 19 Mai, 2021

O novo líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de Angola disse hoje, em Luanda, que a embaixada do Brasil no país africano está a acompanhar o processo de deportação dos bispos e pastores brasileiros.

Alberto Segunda, que falava na conferência de imprensa que serviu para anunciar a cessação da liderança do bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, afirmou que foram já deportados mais de 30 bispos e pastores brasileiros, restando ainda 15 missionários. 

De acordo com Alberto Segunda, o processo de deportação dos dois primeiros grupos de bispos e pastores não foi do conhecimento da embaixada, mas depois destes começou a “acompanhar tudo a par e passo”. 

“Porque os dois primeiros grupos foram chamados para fazer um depoimento e postos lá foram surpreendidos com a notícia de que teriam que abandonar o país, sem ter a chance de se despedirem das suas esposas, de pegarem as suas coisas, mas a partir do momento que a embaixada tomou conhecimento dessa situação tomou a peito e os últimos grupos estão a sair do país de forma digna”, referiu. 

O bispo revelou que os 15 missionários aguardam pela deportação nas suas residências, esperando notificação das autoridades.  

Para Alberto Segunda, o processo de expulsão dos bispos brasileiros é ilegal, tendo em conta que a carta enviada ao Serviço de Migração de Estrangeiros (SME) de Angola, a cessar as suas funções no país, não foi enviada por esta direção. 

“Por isso digo que há várias ilegalidades que vêm sendo cometidas, porque se eles averiguassem antes, logo iriam constatar que não havia motivos para essa deportação. Assim, entendeu-se que eles deveriam ser deportados, e nós o que devemos fazer agora é tocar o barco para frente. É ilegal, porque não fomos nós que colocamos fim ao trabalho dos brasileiros, por nós eles ficariam”, declarou. 

O novo líder da IURD em Angola frisou que o contacto com a embaixada do Brasil em Angola é constante nos últimos dias. 

Em causa está um conflito interno da igreja, que dividiu os seus membros em duas alas, uma liderada até hoje pelo bispo brasileiro Honorilton Gonçalves e a outra pelo bispo angolano Valente Bezerra.  

O conflito teve o seu início em novembro de 2019, quando um grupo de dissidentes angolanos decidiu afastar-se da direção brasileira com várias alegações de crimes, nomeadamente de evasão de divisas, racismo, prática obrigatória de vasectomia, entre outras. 

Os missionários da igreja criada pelo brasileiro Edir Macedo negaram as acusações e acusaram também os angolanos de xenofobia e agressões. 

Na justiça angolana - depois de iniciadas as divergências entre as partes, agravadas com a tomada pela força de templos em todo o país - tramitam vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola. 

A Comissão de Reforma de pastores angolanos foi legitimada pelo Estado angolano, tendo a nova direção da IURD, encabeçada pelo bispo Valente Bezerra, sido eleita em assembleia-geral em 13 de fevereiro. 

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