Na província angolana do Huambo, três dos oitos cidadãos feridos e hospitalizados, na sequência das manifestações de segunda-feira, 5, acabaram por morrer na madrugada desta quarta-feira, 8, elevando o número de vítimas mortais para um total de oito, soube a Voz da América de fontes familiares.
As autoridades sanitárias ainda não confirmaram essas mortes. António Pedro, familiar das vítimas, disse “que não resistiram e acabaram por falecer”. “Queremos justiça", pediu.
Sem gravar entrevistas, o responsável do banco de urgências do Hospital Regional do Huambo, considerou de instável o quadro clínico dos demais feridos. O funeral de algumas vítimas decorreu nesta manhã, enquanto as forças da ordem mantinham um forte aparato de segurança. Entretanto, a troca de acusações entre os dois contendores políticos já começou.
O MPLA, partido no partido, atribuiu"os actos de arruaça e insubordinação" das manifestações à UNITA "As manifestações são legítimas, mas não de forma violenta. Sabemos que é trabalho da oposição que mobilizou os seus membros taxistas e mototaxistas para vandalização dos comités do MPLA", acusou.
O secretário da UNITA, Apolo Yakuvela, minimiza as acusações e diz que o seu partido não governa. "Estamos habituados com isso, o MPLA é culpado disso e não consegue assumir os seus actos. Nós não aumentamos preços de combustíveis, nós não somos governos", respondeu Yakuvela..
Para minimizar o aumento de combustíveis, de 160 a 300 kwanzas o litro, o Governo começou em Luanda a distribuir cartões multicaixa com subsídio de combustível. Nas províncias, os cartões serão distribuídos a taxistas e mototaxistas na próxima semana, segundo o Governo.
Dezenas de pessoas presas no Lubango e sede do MPLA no bairro de Nambambe foi vandalizada
A polícia angolana disse que foram presas 66 pessoas no Lubango na sequência dos distúrbios registados durante as manifestações de protesto contra o aumento do preço da gasolina. Foram também apreendidas 44 motorizadas, disse a polícia
Do balanço dos protestos desta terça-feira, 06, há o registo de um autocarro de transporte colectivo de passageiro queimado, vandalização de um veículo pesado particular e do comité do MPLA do bairro Nambambe e residência do administrador do referido bairro.
Agentes da polícia nacional fortemente armados eram visíveis nesta quarta-feira em diferentes pontos da cidade onde os taxistas continuaram em greve pelo segundo dia consecutivo.
O porta-voz da corporação, Benedito Walter disse que as forças policiais “estão atentas para agir caso alguém tente inviabilizar a segurança pública”. Preocupado com o ambiente vivido nesta terça-feira ficou também o governador, Nuno Mahapi que apelou à calma. “ É importante primeiro primarmos pela vida humana depois pelos bens públicos, lamentamos qualquer acidente que aconteceu”, disse
O MPLA no Lubango condenou de“ forma enérgica e veemente, os actos de vandalismo perpetrados por um grupo de cidadãos, tendo como alvo os bens públicos, de forma geral, e contra a sede do comité do partido do bairro Nambambe no Lubango, de forma particular, numa clara violação à ordem e tranquilidade públicas. Uma demonstração de um acto condenável de aproveitamento político”, lê-se numa nota distribuída à imprensa nesta quarta-feira.
Num extenso comunicado o partido dos camaradas no Lubango diz que desde os primórdios da sua fundação, teve sempre o povo como ponto de partida e de chegada das suas acções, essas que visam à satisfação e melhoria das suas condições de vida.
O MPLA pediu "calma e serenidade à população e a não cederem às provocações" bem como "insta aos órgãos competentes do estado a tomarem medidas enquadradas nos ditames da lei e que os autores morais e materiais sejam responsabilizados civil e criminalmente” conclui a nota.
A greve que se prolongou pelo segundo dia e muitos cidadãos viram-se obrigados a percorrer vários quilómetros a pé para chegarem aos locais de trabalho ou pagar a preço especulativo a corridas pelos moto-taxistas.
Alguns cidadãos falam de uma situação difícil e pedem a intervenção urgente das autoridades para se ultrapassar o momento. “ Não há táxis as paragens estão muito cheias os motoqueiros estão a cobrar 500 kwanzas está super difícil”, disse Rosineide Kataleko que apelou ao governo “para que cheguem a um acordo com os nossos taxistas”.
Afonso Dionísio disse também esperar que “o estado converse com as associações de táxi de modo a colmatar esta carência de táxis.” VOA