“O impacto é negativo, porquanto é algo que não contávamos que chegasse da forma que chegou, nós lamentavelmente nem sequer fomos chamados para dar o nosso ponto de vista”, disse hoje o presidente da Amotrang, Bento Rafael, em declarações à Lusa.
A Amotrang, que só em Luanda contabiliza atualmente mais de 20 mil mototaxistas, lamenta não ter sido ouvida porque “temos uma maneira de pensar no assunto se realmente essas medidas foram tomadas no sentido de baixarmos os níveis da sinistralidade rodoviária”, notou.
“Nós temos também uma opinião pois que vivemos com esses profissionais da atividade de mototáxi e temos uma opinião própria”, assinalou o responsável, defendendo que os profissionais do setor deveriam ser subdividos por classes.
De acordo com Bento Rafael, a necessidade da subdivisão de mototaxistas por classes tem sido apresentada já há algum tempo às autoridades, “mas lamentavelmente não fomos chamados, não fomos considerados”.
“Se calhar o assunto foi tratado com tanto secretismo e nós, lamentavelmente, não sabemos o porquê, temos uma opinião e deveríamos ser pelo menos ouvidos”, insistiu.
O Governo Provincial de Luanda proibiu a circulação de motociclos em algumas das principais vias da capital com o objetivo de melhorar a circulação e diminuir os acidentes, que totalizaram 768 no primeiro semestre do ano.
Os acidentes provocados por ciclomotores, motociclos, triciclos e quadriciclos resultaram em 134 mortes e 725 feridos, dos quais 368 graves, segundo dados apresentados na terça-feira pelo chefe do departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária da Província de Luanda, superintendente Simão Saulo.
Milhares de cidadãos em Luanda fazem recurso ao mototáxi para chegarem no centro da cidade ou mesmo até em zonas mais longínquas da periferia, por onde não circulam os tradicionais “azuis e branco”.
Bento Rafael reafirma que a medida das autoridades de Luanda é negativa e a mesma será analisada na sexta-feira durante um encontro com todos os líderes dos mototaxistas, na sede da Amotrang, no município de Cacuaco.
O responsável disse que a associação “está aberta ao diálogo e não é apologista a qualquer manifestação” de protesto à medida.
“Do nosso lado ainda não há esta pretensão (de manifestação), porquanto achamos que devemos ouvir as pessoas que estão mais próximas dos mototaxistas e, ainda assim, devemos colocar oficialmente os problemas, aquilo que vamos ouvir amanhã [sexta-feira], à governação”, realçou.
Questionado sobre os cartões de subvenção de combustível à classe deste setor, Bento Rafael disse que o assunto ainda está por resolver por existir “total desorganização” das administrações municipais que têm a missão de licenciar e atribuir os respetivos cartões.
Desde 01 de junho passado que o litro de gasolina em Angola custa 300 kwanzas (0,48 euros) contra os anteriores 160 kwanzas (0,25 euros), tendo o Governo garantido que as tarifas dos taxistas, mototaxistas, do setor agrícola e pesqueiro seriam subvencionados.
Em relação aos mototaxistas, Bento Rafael disse existir total desorganização “porque muitos dos cartões que se encontram em determinadas administrações nem pertencem a essas administrações, não foram licenciados nessas administrações”.