“A greve será no mês de março, reservamos o mês de Fevereiro para todos os atos preparatórios, porque a nossa greve terá de sair muito organizada, com a maior abrangência possível, esperamos uma adesão a 100% da greve em março”, disse hoje o secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto.
Falando em conferência de imprensa, em Luanda, o líder da CGSILA deu conta que a decisão surge por falta de consensos com o executivo angolano, referindo que o caderno reivindicativo remetido ao Presidente angolano, João Lourenço, em 05 de setembro de 2023, “foi ignorado pelas autoridades”.
A greve geral na função pública é uma decisão da CGSILA, da União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e da Força Sindical.
Francisco Jacinto lamenta a posição do executivo angolano que terá “ignorado”, frisou, as suas reivindicações, apresentadas em setembro, antes mesmo da aprovação do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2024, em dezembro.
“O que gostaríamos de ver é que com o caderno reivindicativo já na posse do executivo fosse atendida já a nossa reclamação, mas o que presumimos é que houve uma ignorância total, o executivo fez ouvidos de mercador, não quis ouvir, menosprezou a classe trabalhadora com aquela reivindicação em sua posse”, apontou.
A CGSILA, UNTA-CS e a Força Sindical remeteram, em 05 setembro de 2023, um memorando ao Presidente angolano, João Lourenço, onde “exigem” um salário mínimo nacional de 250 mil kwanzas (276 euros), admitindo paralisação geral em caso de resposta insatisfatória.
A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, que coordena as negociações com os sindicatos, disse, em dezembro passado, no final de uma ronda negocial, que a proposta salarial dos sindicatos era “irrealista e completamente fora do comum”.
Hoje, o secretário-geral da CGSILA avançou, por outro lado, que os atos preparatórios para a greve geral tiveram início em outubro e que as assembleias-gerais em 17 províncias angolanas, para a declaração da greve local, têm início em 15 de Fevereiro próximo.
“A última assembleia-geral será na província de Luanda, nos primeiros dias de março, e aí anunciaremos a greve geral nacional”, assegurou.
Francisco Jacinto desvalorizou ainda o ajuste do salário base da função pública em 5%, já a partir deste mês de janeiro, considerando que este ajuste não entra no processo reivindicativo das centrais sindicais.
“Porque os 5% não nos dizem respeito e para nós trabalhadores não tem qualquer efeito”, rematou o sindicalista.