"Angola, que saiu da Oraganização dos Países Exportadores de Petróleo no princípio de 2024, deverá ver a sua produção de petróleo abrandar cerca de 100 mil barris por dia, para cerca de 1 milhão por dia até 2030", lê-se num relatório hoje divulgado em Paris, a sede da Agência.
No documento, os peritos da AIE salientam que "a produção petrolífera em Angola tem estado em queda há anos devido a ativos com desempenho abaixo do esperado e problemas operacionais".
A produção de Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, a seguir à Nigéria, "atingiu o pico entre 2008 e 2016, com 1,7 a 1,8 milhões de barris bombeados diariamente, antes de começar um declínio agravado por problemas operacionais nos seus poços ultraprofundos e de elevado custo", lê-se no relatório, que aponta também para 2028 como o primeiro ano de produção dos poços Cameia e Golfinho, da francesa TotalEnergies, que deverão render 70 mil barris por dia.
Nas previsões, a AIE vê Angola a bombear 1,11 milhões de barris por dia em 2024, e depois 1,08 e 10,9 nos dois anos seguintes; em 2027 a produção deverá subir para 1,10 milhões, mas depois cai para 1,08 no ano seguinte, para 1,06 milhões em 2029 e chega a 2030 bombeando 1,04 milhões de barris por dia.
No relatório anual sobre o mercado petrolífero a médio prazo, publicado hoje, a AIE estima que a produção deverá aumentar para cerca de 113,8 milhões de barris por dia até ao início da década, o que resultará num excedente de extração de cerca de oito milhões de barris, cerca de dois milhões mais do que atualmente.
Esta margem “maciça”, de dimensão apenas comparável à da crise da covid (em 2020 ultrapassou nove milhões de barris por dia), ameaça diretamente a estratégia do cartel petrolífero OPEP+ para evitar a queda dos preços.
Na terça-feira, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola disse que o esforço do país atualmente não está virado para o aumento da produção petrolífera, mas sim em mantê-la em torno de um milhão de barris diários.
“A nossa grande luta agora não é para aumentar a produção, é para estabilizar a produção aí em um milhão mais ou menos [de barris diários]”, disse Diamantino Azevedo, quando respondia perante deputados da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, numa audição parlamentar para abordar a situação do setor que dirige.
O titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás sublinhou que “é natural” o declínio da produção que Angola regista há alguns anos.
“É como um copo de água, bebemos, ele acaba, temos que repor. É como o petróleo, nós estamos a explorar há anos, as reservas vão exaurindo, é necessário procurar e se tivermos sorte encontramos e nem sempre encontramos na mesma proporção que retiramos”, referiu.
Segundo o ministro, “é preciso investir”, porque Angola esteve, depois de “anos de ouro da indústria do petróleo”, um período longo sem novos investimentos.