Os números são avançados hoje pela imprensa sul-africana, numa altura em que a SAA (South African Airlines) enfrenta uma forte crise financeira e necessita de uma injeção financeira de 10 mil milhões de rands (640 milhões de euros) de fundos públicos, a concretizar em setembro.
De acordo com o Ministro das Finanças da África do Sul, Malusi Gigaba, os problemas financeiros da SAA resultam, entre outros, das "dívidas de alguns Governos", relativas às operações locais e venda de bilhetes, que a SAA não consegue repatriar e que somam mil milhões de rands (65 milhões de euros).
"Estamos a tratar disso internamente. Também estamos envolvidos com os governos que nos devem, incluindo o Governo angolano, para o repatriamento do dinheiro que nos devem, para que possamos fechar esses livros [contas]", disse o ministro, citado na edição de hoje do publicação sul-africana "Business Day".
Angola vive, desde finais de 2014, uma profunda crise financeira e económica, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, que teve também consequenciais cambiais.
A redução no montante de divisas disponíveis levou Angola a atrasar vários pagamentos ao exterior, nomeadamente o repatriamento de dividendos de várias companhias aéreas.
De acordo com dados da IATA, associação das empresas do setor da aviação, as companhias aéreas reclamavam a Angola, em junho, o repatriamento de 477 milhões de dólares (400 milhões de euros) de dividendos.
De acordo com dados compilados pela Lusa, em seis semanas, entre julho e agosto, o Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizou 100 milhões de euros aos bancos comerciais angolanos para garantir operações das companhias aéreas, embora sem precisar quais.
Entretanto, Angola realizou eleições gerais a 23 de agosto, com os dados provisórios do escrutínio, apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a apontarem para a vitória do MPLA, partido no poder desde 1975, e a eleição de João Lourenço para Presidente da República, sucedendo à liderança de 38 anos de José Eduardo dos Santos.
"Temos abordado com o Governo angolano o repatriamento [dos dividendos da SAA]. Esperamos que o novo Governo continue a honrar o acordo que alcançamos. Sabemos que Angola enfrenta muitos desafios económicos, mas nós também, e vários outros países", declarou ainda o ministro das Finanças sul-africano.
A portuguesa TAP (com 100 milhões de euros retidos) e a Emirates (que em julho reduziu ligações para Luanda devido a esta conjuntura), são dois exemplos das queixas feitas publicamente pelas companhias aéreas internacionais que operam para Angola.