O secretário de Estado para o Ensino Pré-escolar e Ensino Primário angolano, Pacheco Francisco, considerou este “um problema muito sério” para o Ministério da Educação, frisando que decorre trabalho com o Ministério das Finanças e o Ministério da Administração do Território para se inverter este quadro.
“Este é um dos desafios que teremos para o próximo ano, para que todas as escolas do ensino primário estejam à altura de ter alguma coisa para poder lidar com este problema, a água sobretudo”, disse Pacheco Francisco quando falava hoje sobre os “Desafios do Ano Escolar 2024/2025”, que hoje arrancou oficialmente em Angola.
O governante angolano realçou que o ensino primário em Angola é gratuito, mas os seus problemas “não são gratuitos”, frisando que o quadro que descreveu coloca em risco a saúde das crianças.
“Temos escolas que não têm água, nem guardas, nem empregados de limpeza e não há possibilidade de se conseguir sempre material de higiene. E a criança acaba sempre por sofrer com essas dificuldades. Sai de casa e vai para a escola - a sua segunda casa - e chegando lá não pode fazer as suas necessidades, porque quando não há água, há tendência de se fechar as casas de banho, e a criança é obrigada a fazer as necessidades à volta da escola”, referiu.
Pacheco Francisco destacou que a situação é a mesma também para escolas do ensino secundário.
O secretário de Estado para o Ensino Pré-escolar e Ensino Primário disse que o Ministério da Educação está também preocupado com “a pobreza das aprendizagens”.
“Nós não precisamos que alguém nos diga que o ensino está mal, porque temos consciência disso”, admitiu o governante angolano, no mesmo dia em que a UNITA, principal partido da oposição apontou as dificuldades no setor, acrescentando que Angola não é o único país nessa condição.
De acordo com Pacheco Francisco, foi elaborado um plano que define cinco eixos para mudar este quadro, entre os quais a expansão da rede escolar, para permitir o acesso ao ensino primário.
“Um dos problemas que temos no país é o problema do acesso. Na época de matrículas todo o mundo quer entrar, mas não nos esqueçamos que o nosso país é o segundo com a maior taxa de natalidade do mundo (…) atrás do Níger, e a construção de escolas tinha que ser proporcional ao crescimento da população, mas conhecemos imensas dificuldades”, disse.
Pacheco Francisco frisou que uma das estratégias para aumentar a oferta de escolas é a construção de infraestruturas de baixo custo, com material local.
O ano letivo 2024/2025 conta com 9,9 milhões de alunos do ensino geral, dos quais perto de um milhão entra pela primeira vez.
Com uma necessidade de 8.000 novas escolas e 20 mil professores, “para resolver o problema do acesso das crianças à escola”, Pacheco Francisco disse que não há dados fiáveis sobre o número de crianças fora do sistema de ensino.