Em declarações à Lusa, José Raul, de 73 anos, que serviu o exército português entre 1972 e 1974, disse que luta há vários anos para beneficiar da pensão dos antigos combatentes, mas sem sucesso.
"Estamos aqui a andar para cima para baixo e só estamos a receber papéis, ninguém resolve o nosso problema. Pedimos ajuda para ver se nos podem resolver o nosso problema", disse José Raul.
Segundo o ex-militar, já enviou vários e-mails para a segurança social, mas respondem que o seu nome não está registado.
"Somos muitos, outros já não vêm porque estão cansados, outros já morreram, não sabemos com quem a gente vai ter para nos darem uma ajuda, uma resposta", reforçou.
Com uma certidão de 2022 na mão, que declara que serviu o exército português por cinco anos e 132 dias, Manuel Salvador questiona a razão de ter este documento enviado por Portugal sem o dinheiro a que tem direito.
"Sentei praça no dia 30 de Janeiro de 1970, temos as certidões de contagem de tempo, mas até hoje não temos resposta", lamentou.
Manuel Salvador frisou que nas outras antigas colónias portugueses, como Moçambique e Guiné-Bissau, os ex-combatentes beneficiaram deste direito.
"E mesmo aqui no nosso país, há generais que recebem o dinheiro e por que é que nós da camada baixa não recebemos", questionou, destacando que fizeram o serviço obrigatório naquela altura e hoje não são tidos em consideração.
Alguns tentaram a ajuda das autoridades angolanas, mas receberam como resposta que este assunto é com Portugal.
Francisco Mamessa, filho de um antigo combatente, que já morreu, e que reivindica o direito da mãe receber a pensão enquanto viúva, disse que as pessoas que se deslocaram a Portugal já conseguiram receber a compensação.
"No 'site' que nos dão dizem que aqui os dados não constam, as unidades não lançaram [os dados], mas temos documentos que provam, agora quem vai resolver isso? O Governo angolano nos atirou para fora, não sabemos como fazer", lamentou.
Por sua vez, Pedro Pombal, que foi militar de 1963 a 1967, frequentemente desloca-se à embaixada para questionar sobre a situação, mas até hoje sem resposta, lembrou que o irmão mais velho, que também foi militar, já morreu e nunca teve direito a nada.
Mateus Mbinza, primeiro-cabo atirador de cavalaria dos Dragões, em Silva Porto, actual cidade do Cuito, capital da província do Bié, que passou à disponibilidade em 1974, disse que o seu processo se arrasta desde 2004.
"Há 20 anos, até aqui sem resposta. Portugal enviou a minha caderneta de militar e certidão de contagem de tempo, esse processo todo vem desde 2004, sem resposta. Estou aqui com 75 anos, à espera da reforma de pensão e não dizem nada. Deram-nos aqui uns modelos para preenchermos, mandaram para lá e, lá, estão a dizer que não somos inscritos, como é que a gente vai encarar essa situação", perguntou.
Dois representantes do grupo foram recebidos na embaixada. A Lusa tentou ouvir algum representante da Embaixada de Portugal em Angola, mas sem sucesso.