A realização do censo é muito importante. O primeiro Presidente de Angola dizia que o importante é resolver os problemas do povo. Mas para resolver os problemas do povo, é necessário conhecer esse povo e também os seus problemas.
E é exatamente para isso que os censos servem. Os angolanos vão ficar a saber quantos são, qual é a estrutura da população em termos de sexo, em termos de idade, vão conhecer também a esperança de vida, a educação, a religião, as línguas.
Em Angola é muito importante esta questão das línguas, porque embora o português seja língua oficial, há línguas chamadas as línguas nacionais.
Vamos conhecer com detalhe os angolanos registados, sabemos que Angola tem um problema tremendo com o registo civil. Há uma percentagem muito elevada da população que não tem bilhete de identidade.
Vamos inventariar os deficientes físicos, analisar as migrações. Quando se diz que Angola tem 35 milhões de habitantes, estamos a dizer que temos 35 milhões de residentes, porque os imigrantes também contam para o censo.
Vamos ver ainda quais são as características dos agregados familiares, as suas condições de vida, o acesso às tecnologias de informação, comunicação, etc.
Conhecer o povo e os seus problemas é muito importante, mas não tenhamos ilusões. Fizemos o primeiro censo, como disse, há dez anos. O censo que hoje começou, embora importante, é menos importante. Estamos a falar apenas de uma atualização.
E a verdade é que o país não melhorou com o censo de 2014. Eu diria que o censo é condição necessária, mas não é condição suficiente para resolver os problemas de Angola.
Os censos são importantes, sem dúvida nenhuma, mas não resolvem os problemas por si só. Tiro o chapéu aos dirigentes angolanos que conseguem definir programas, acções, enfim, governar sem estatísticas.
Mas depois também percebo por que o país está aqui. É porque os governantes governam sem estatísticas.